Uma proposta apresentada no conselho provincial de Bolzano, no norte da Itália, provocou polêmica ao sugerir a criação de uma taxa específica para cães. O texto prevê a cobrança de €1,50 (cerca de R$ 9,40) por noite para cães de turistas e de €100 (R$ 624) por ano para moradores que possuem animais de estimação.
Segundo o conselheiro Luis Walcher, autor da proposta, a arrecadação seria destinada principalmente à limpeza das ruas e à criação de novos parques para cães. “A cobrança é justa porque recai apenas sobre os proprietários de cães, sem que toda a comunidade tenha que pagar pelos custos”, afirmou. Walcher defende que a medida possa entrar em vigor já no próximo ano.
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A ideia, no entanto, foi recebida com críticas de entidades de proteção animal e do próprio prefeito de Bolzano, Claudio Corrarati, que teme impactos negativos na imagem turística da região. “Pode passar a impressão de que a cidade está se fechando aos visitantes e seus animais”, disse.
A Associação Italiana de Defesa dos Animais e do Ambiente (Aidaa) classificou a taxa como “pura loucura” e prometeu ações de desobediência civil caso a medida seja aprovada. Já Carla Rocchi, presidente da Enpa, maior entidade de proteção animal do país, considerou a iniciativa um “gol contra” que penaliza famílias e turistas.
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A polêmica não é inédita. Em anos anteriores, autoridades de Bolzano tentaram implantar um sistema de identificação de cães por DNA, com coleta obrigatória de amostras ao custo de €65 (R$ 406) para cada proprietário. O objetivo era multar quem não recolhesse os dejetos de seus animais, mas a adesão foi baixa e o projeto fracassou.
Enquanto outras regiões da Itália avançam em políticas “pet friendly” — como o hotel de luxo para cães inaugurado no aeroporto de Roma e a permissão da ITA Airways para transportar animais de médio e grande porte na cabine —, Bolzano enfrenta agora um debate intenso sobre se os animais de estimação devem ser vistos como parte da hospitalidade ou como fonte de receita.