Um novo relatório da Commercial Space Federation, divulgado em 16 de setembro, acendeu um alerta em Washington: a China pode assumir a liderança global no setor espacial em apenas cinco a dez anos. O documento, intitulado Redshift, descreve o crescimento robusto do programa chinês em contraste com atrasos e cortes que ameaçam a hegemonia norte-americana.
Avanço chinês
Pequim está investindo em várias frentes ao mesmo tempo. Entre as metas já em andamento estão:
- Estação Espacial Tiangong, que pode se tornar a única em órbita até o fim da década;
- Megaconstelações de satélites para comunicações e observação da Terra;
- Foguetes de grande porte capazes de missões interplanetárias;
- Exploração lunar, com promessa de enviar astronautas à Lua até 2030 e construir uma base com reator nuclear até 2035.
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Esse salto é sustentado por forte apoio estatal. Só em 2023, empresas privadas chinesas receberam US$ 2,8 bilhões em investimentos, valor 17 vezes superior ao de 2016. O país também já opera seis centros de lançamento, ampliando sua capacidade logística.
EUA em posição vulnerável
Do outro lado, os Estados Unidos enfrentam desafios importantes. O programa Artemis, que pretende devolver astronautas à Lua até 2027, sofre atrasos ligados ao foguete Starship, da SpaceX. Paralelamente, o orçamento da NASA vem sendo pressionado por cortes que comprometem missões futuras e reduzem a capacidade de inovação tecnológica.
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Outro fator crítico é a aposentadoria da Estação Espacial Internacional (ISS) prevista para o fim da década. Sem substituição imediata planejada pela NASA, a Tiangong pode se consolidar como a única estação estatal ativa, ampliando a influência chinesa.
O que está em jogo
Segundo os analistas, o ritmo ditado pela China já coloca os EUA em situação defensiva. Caso não haja uma guinada estratégica em financiamento e inovação, Pequim poderá garantir vantagem na Lua, em futuras missões a Marte e em parcerias internacionais, reduzindo o peso americano no cenário espacial global.