Em 2011, o fotógrafo japonês Hayahisa Tomiyasu observou algo inusitado pela janela de seu apartamento em Leipzig, na Alemanha. Uma raposa atravessava um campo esportivo e parava, por breves segundos, ao lado de uma solitária mesa de pingue-pongue antes de desaparecer. A cena, embora simples, despertou profunda curiosidade no artista. Desde então, ele passou a observar o local diariamente, esperando o retorno do animal — que nunca mais apareceu.
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Com o passar dos dias, Tomiyasu percebeu que o verdadeiro espetáculo estava no que acontecia em torno da mesa. Ao longo de cinco anos, ele registrou o espaço se transformando em ponto de encontro da vida cotidiana. Pessoas se alongavam, descansavam, faziam piqueniques, buscavam abrigo da chuva ou simplesmente observavam o tempo passar. A mesa de concreto, inicialmente um simples objeto urbano, ganhou novo significado. Tornou-se o centro de pequenas histórias, revelando a beleza silenciosa dos gestos anônimos que compõem a rotina.
Desse olhar paciente nasceu o projeto TTP (Tischtennisplatte), uma série fotográfica premiada que reflete sobre o tempo, a persistência e a poesia do cotidiano. Conforme o próprio fotógrafo destaca, o verdadeiro protagonista não é a mesa, tampouco as pessoas que passam por ela, mas o ato de observar — a descoberta do extraordinário dentro do comum. Além disso, as imagens de Tomiyasu nos convidam a desacelerar. Elas mostram que a arte não está apenas nas grandes narrativas, mas também nos instantes mais simples e efêmeros.
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O trabalho de Tomiyasu transforma o banal em símbolo de contemplação. Sua série nos lembra que cada pequeno cenário urbano guarda histórias, emoções e reflexões sobre o tempo. Assim, ao transformar uma simples mesa de pingue-pongue em protagonista, o fotógrafo revela um poderoso ensinamento: a beleza se encontra, sobretudo, em quem sabe olhar.
