Nos anos 1970 e no início dos 1980, o Estádio do Maracanã viveu um momento inesperado. Em vez das torcidas animadas e do som dos gols, o gigante carioca recebeu lápis, pranchetas e milhares de jovens ansiosos. Durante alguns dias, o templo do futebol se transformou em uma imensa sala de aula ao ar livre, já que a Fundação Cesgranrio organizava ali o vestibular unificado do Rio de Janeiro.
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Naquele período, o número de candidatos cresceu de forma impressionante. Como as escolas e universidades não conseguiam receber tanta gente, o estádio surgiu como única alternativa possível. Ademais, a capacidade superior a 150 mil pessoas parecia perfeita para comportar a multidão que buscava uma vaga no ensino superior.
Apesar da grandiosidade, o cenário trazia muitos problemas. Sob o sol forte, as arquibancadas de concreto esquentavam rapidamente, o que obrigava inúmeros estudantes a improvisarem proteção com jornais ou pedaços de papel. Além disso, as provas se equilibravam nos joelhos, enquanto fiscais tentavam — nem sempre com sucesso — manter o silêncio em meio ao barulho do estádio.
Entretanto, o caos aumentava ainda mais quando começava a chover. O Maracanã revelava goteiras, as folhas se molhavam e surgia uma correria geral por abrigo. Em certos anos, mais de 40 mil estudantes realizaram a prova ao mesmo tempo, compondo um cenário descrito como “surreal” pelos jornais da época.
Com o passar do tempo, o Ministério da Educação decidiu alterar essa prática. Conforme novas regras, os exames deveriam ser aplicados somente em salas apropriadas, e não mais em estádios. Logo, a determinação implementada após 1974 encerrou essa página inusitada da história do Maracanã.
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Ainda hoje, o episódio permanece vivo na lembrança de quem viveu a experiência. Afinal, o estádio se consolidou não apenas como palco de grandes partidas, mas também como cenário de um dos maiores vestibulares já realizados no Brasil — um capítulo que uniu tensão, esperança e criatividade em plena busca pelo futuro.
