Curativo feito com pele de tilápia está mais próximo de chegar aos hospitais

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Curativo biológico desenvolvido com pele de tilápia é preparado para testes em laboratório. (Foto: joeclub_ake / Pixabay)

Após quase dez anos de pesquisa, a Universidade Federal do Ceará (UFC) deu um passo decisivo para levar aos hospitais um curativo biológico desenvolvido a partir da pele da tilápia. No dia 10 de novembro, a instituição oficializou a cessão da patente para duas empresas — Biotec Solução Ambiental Indústria e Comércio Ltda. e Biotec Controle Ambiental Ltda. — que agora serão responsáveis pela produção, testes e validação do produto para futura comercialização.

A pele da tilápia, quando devidamente tratada e esterilizada, demonstrou ser eficaz como curativo, aderindo bem à área lesionada, mantendo a umidade ideal e acelerando o processo de cicatrização. Inicialmente testada em queimaduras, a tecnologia também vem sendo avaliada para outros tipos de ferimentos.

Estudos clínicos com pacientes mostraram que o desempenho do curativo de tilápia é comparável ao de produtos modernos que utilizam prata, tanto no tempo médio de cicatrização — pouco mais de nove dias — quanto na redução da dor relatada pelos pacientes.

Com a patente licenciada, as empresas envolvidas deverão desenvolver o produto final, realizar novos testes clínicos, comprovar sua segurança e buscar a aprovação da Anvisa. A proposta inclui o lançamento de um kit comercial e a ampliação do uso do curativo tanto na medicina humana quanto veterinária.

Além dos benefícios terapêuticos, o uso da pele de tilápia representa uma solução econômica e sustentável. Por ser largamente criada no Brasil, a tilápia gera uma grande quantidade de pele que normalmente é descartada. Transformar esse resíduo em biomaterial ajuda a reduzir o desperdício e oferece uma alternativa de baixo custo, especialmente útil em áreas com acesso limitado a tratamentos de ponta.

Essa nova etapa do projeto representa um avanço significativo para que uma inovação científica brasileira se torne parte do cotidiano médico no tratamento de feridas e queimaduras, ampliando as opções para pacientes e valorizando a produção científica nacional.

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