
Pesquisadores da Universidade do Arkansas, nos Estados Unidos, identificaram indícios de domesticação precoce em guaxinins que vivem em áreas urbanas. A principal causa apontada para esse fenômeno é o lixo gerado por humanos, que serve como uma fonte abundante e acessível de alimento para os animais.
A pesquisa utilizou imagens enviadas por cidadãos à plataforma iNaturalist, totalizando cerca de 200 mil fotos analisadas por uma equipe de 16 estudantes. O estudo, publicado na revista científica Frontiers in Zoology, observou mudanças comportamentais e físicas nos guaxinins urbanos, como a redução do medo em relação aos humanos e alterações morfológicas, especialmente focinhos mais curtos — cerca de 3,5% menores em comparação aos de guaxinins que vivem em áreas rurais.
Essas características são frequentemente associadas ao início do processo de domesticação. Além dos focinhos encurtados, os pesquisadores procuraram por outros traços típicos, como orelhas caídas e manchas brancas, embora o encurtamento do focinho tenha sido o principal achado.
Segundo Raffaela Lesch, autora principal do estudo, a convivência próxima com seres humanos e a exposição constante ao lixo urbano podem estar acelerando esse processo de transformação nos animais. Ela destaca que onde há humanos, há lixo, e os animais são atraídos por essa fonte fácil de alimento.
A pesquisa sugere que essa adaptação pode ser uma nova forma de seleção natural, impulsionada pela vida nas cidades. Os cientistas pretendem expandir os estudos para verificar se outros mamíferos urbanos, como gambás, também estão passando por mudanças semelhantes. O objetivo é entender se a simples presença humana pode ser suficiente para iniciar o processo de domesticação em espécies até então selvagens.
