A descoberta de papagaios preservados no árido Deserto de Atacama reacende o interesse de pesquisadores que investigam antigas redes culturais da América do Sul. Embora essas aves pertençam a espécies típicas da Amazônia, elas foram encontradas longe de seu habitat original e passaram por um processo de mumificação natural, resultado direto das condições extremas do ambiente desértico. Esse cenário, portanto, permitiu que matéria orgânica se mantivesse intacta por séculos.
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Desde já, análises que combinam datação por radiocarbono, estudos isotópicos e avaliações morfológicas apontam que os animais viveram há cerca de 900 anos. Além disso, o fato de terem chegado ao Atacama indica que populações pré-colombianas estruturaram rotas de troca altamente complexas. Essas redes, aliás, atravessavam montanhas e regiões áridas, revelando uma logística sofisticada capaz de transportar seres vivos por longas distâncias.
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As investigações mostram que os papagaios consumiam alimentos presentes na dieta humana local, o que reforça a importância espiritual, econômica e ritual dessas aves para as sociedades andinas. Graças ao estado de preservação excepcional, o achado amplia o entendimento sobre práticas de manejo animal e sobre a circulação de bens de prestígio muito antes da chegada dos europeus. Assim, o conjunto de evidências ilumina aspectos pouco conhecidos da vida cultural pré-colombiana e aprofunda a compreensão das relações entre povos distantes.
