População de borboletas-monarca cai 22% e cientistas usam chips para rastrear migrações

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Borboleta-monarca repousa sobre flor silvestre durante migração. (Foto: Erika Löwe / Unsplash)

As borboletas-monarca, conhecidas por suas asas alaranjadas e longas migrações do Canadá ao México, estão enfrentando um declínio preocupante em sua população. Entre 2000 e 2020, pesquisadores observaram uma queda de 22% no número desses insetos na América do Norte. Um estudo publicado na revista Science, baseado na análise de 35 programas de monitoramento que acompanharam 12 milhões de indivíduos, revelou que todas as 554 subespécies norte-americanas apresentam tendência de queda populacional.

Para entender melhor esse fenômeno e tentar revertê-lo, cientistas desenvolveram uma tecnologia de rastreamento com sensores minúsculos, semelhantes ao bluetooth, que foram fixados em mais de 100 mil borboletas. Esses chips, que podem ser lidos por celulares com o aplicativo Project Monarch, permitiram mapear as rotas migratórias e identificar mudanças inesperadas nos trajetos, incluindo travessias sobre grandes extensões de água — algo antes considerado improvável.

As principais causas do declínio incluem alterações climáticas, uso de pesticidas e perda de habitat, especialmente a redução de pastagens com plantas hospedeiras, fundamentais para a reprodução. Essas mudanças têm forçado as borboletas a alterar suas rotas, tornando as migrações mais arriscadas.

O chip, que pesa apenas 60 miligramas e é movido a energia solar, não interfere no voo dos insetos. Apesar do custo elevado (cerca de US$ 200 por unidade), ele permitiu identificar pontos de descanso e paradas importantes, que agora serão alvo de ações de conservação, como o plantio de vegetação adequada para alimentação e abrigo.

Além disso, os dados coletados mostraram que as borboletas conseguem corrigir sua rota utilizando luz ultravioleta e o campo magnético da Terra. Em uma das descobertas mais curiosas, a borboleta identificada como JMU004 percorreu mais de 3.700 km em 47 dias, de Harrisonburg, na Virgínia, até Michoacán, no México — uma distância superior à que separa Natal (RN) de Curitiba (PR) no Brasil.

A participação do público no projeto, por meio do aplicativo, tem sido essencial tanto para a coleta de dados quanto para a conscientização ambiental.

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