Na cidade de Pommerœul, no sudoeste da Bélgica, arqueólogos descobriram um “Frankenstein” de ossos. Trata-se de um esqueleto montado com partes de pelo menos cinco pessoas, que viveram em épocas diferentes, atravessando três milênios.
A descoberta ocorreu em um cemitério romano, perto da fronteira com a França. Nesse local, havia 76 sepultamentos. Entre eles, os pesquisadores encontraram um esqueleto deitado em posição fetal, algo incomum para os padrões romanos.
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Por muito tempo, os arqueólogos acreditaram que o esqueleto fazia parte do período romano. Entretanto, em 2019, uma datação por radiocarbono trouxe uma revelação surpreendente: muitos dos ossos pertenciam ao período Neolítico, datados de 7000 a.C. a 3000 a.C., muito mais antigos que os outros sepultamentos.
Embora parecesse intacto, o esqueleto era, na realidade, uma colcha de retalhos. Os ossos vieram de cinco pessoas diferentes. O crânio, que é a parte mais recente, era de uma mulher da era romana, que viveu entre os séculos 3 e 4 d.C. Assim, a análise de DNA e a datação sugerem que essa montagem provavelmente ocorreu de uma só vez. Ossos espalhados perto do túmulo indicam que, possivelmente, as pessoas continuaram visitando o local depois disso.
Mas por que os romanos fariam isso? Existem duas hipóteses principais. A primeira é que, ao enterrarem seus mortos cremados, os romanos podem ter acidentalmente misturado ossos de uma sepultura neolítica. A segunda, porém, é mais misteriosa: talvez eles tenham montado o esqueleto de propósito, possivelmente movidos por superstição ou pela vontade de homenagear antigos moradores da região.
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Esse “Frankenstein arqueológico” ainda intriga os cientistas. Em resumo, a descoberta levanta novas perguntas sobre os costumes funerários e as crenças de civilizações antigas.