O alerta deixado por Stephen Hawking sobre os perigos de entrar em contato com civilizações extraterrestres volta a ganhar força em meio à aproximação de um objeto misterioso em direção ao sistema solar. A descoberta do corpo celeste 3I/ATLAS por astrônomos em junho reacendeu debates sobre a prudência — ou imprudência — de buscar vida alienígena sem considerar possíveis ameaças.
Com velocidade estimada em 150 mil milhas por hora, o objeto interestelar deve cruzar o sistema solar e passar a cerca de 223 milhões de milhas da Terra no dia 17 de dezembro. Embora muitos especialistas acreditem se tratar de um cometa de grandes proporções, o astrofísico Avi Loeb, professor de Harvard, sugere uma hipótese mais ousada: o 3I/ATLAS pode ter origem artificial.
Em artigo publicado no repositório científico arXiv, Loeb destaca desvios incomuns na trajetória do objeto, o que, segundo ele, poderia indicar algum tipo de propulsão ou controle externo. “Talvez medidas defensivas sejam necessárias — mesmo que, no fim, se revelem inúteis”, alertou o cientista, que também defendeu a investigação mais cuidadosa da natureza do objeto.
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As palavras de Loeb ecoam o antigo receio de Hawking, que, ainda em 2004, advertia contra a tentativa ativa de contatar civilizações alienígenas. Para o físico britânico, a humanidade corre o risco de atrair espécies tecnologicamente superiores, cujo encontro conosco poderia repetir tragédias históricas como a colonização das Américas. “A história de encontros entre civilizações avançadas e povos menos desenvolvidos nunca foi favorável para os últimos”, afirmou na época.
Esse temor ganhou novo embasamento com um estudo publicado no Journal of Biomedical Physics and Engineering, que explora o conceito da “armadilha da inteligência” — quando civilizações avançadas cometem erros fatais por excesso de confiança ou repetição de padrões. Segundo os autores, emitir sinais para o cosmos pode ser um erro estratégico que expõe a humanidade a ameaças desconhecidas.
Antes de morrer, Hawking chegou a apontar planetas com potencial para abrigar vida, como Gliese 832c, mas manteve sua postura cautelosa. Durante o documentário Os Lugares Favoritos de Stephen Hawking, o cientista refletiu: “Estou cada vez mais convencido de que não estamos sozinhos. Um dia, poderemos receber um sinal. Mas devemos pensar com muito cuidado antes de responder.”
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Enquanto o 3I/ATLAS se aproxima silenciosamente, cientistas dividem-se entre o ceticismo e a curiosidade. No entanto, uma questão permanece inquietante: e se Hawking estivesse certo ao pedir silêncio?