Mais de cem anos após ter sido identificada pela primeira vez, uma rara espécie de libélula reapareceu no Brasil — desta vez, em Minas Gerais. A Lestes quadristriatus, descrita originalmente em 1909 pelo entomologista americano Philip Powell Calvert, havia sido encontrada apenas na Chapada dos Guimarães (MT). Agora, pesquisadores a redescobriram na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Vale Encantado, em Uberaba.
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A redescoberta foi feita por cientistas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), em parceria com especialistas da Universidad Nacional de Avellaneda, na Argentina, e da Universidade de São Paulo (USP). Inicialmente, a aparência incomum do inseto chamou a atenção da equipe, o que motivou uma investigação morfológica mais aprofundada.
Durante a análise, surgiu uma novidade importante: pela primeira vez, os pesquisadores conseguiram descrever formalmente a fêmea da espécie. Esse fato é particularmente relevante, pois a maioria das descrições taxonômicas em libélulas prioriza os machos — já que suas estruturas reprodutivas, como os cercos utilizados no acasalamento, são mais visíveis e fáceis de identificar. Em muitas espécies, aliás, as fêmeas nem sequer têm descrição científica registrada.
Segundo os cientistas, a Lestes quadristriatus possui grande capacidade de camuflagem e exibe comportamento sazonal, o que pode ter dificultado sua detecção em estudos anteriores. Essas características ajudam a explicar por que a espécie permaneceu ausente de registros científicos por mais de um século.
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Em suma, a redescoberta reforça o valor das áreas protegidas e da pesquisa contínua sobre a biodiversidade brasileira. Afinal, ainda existem inúmeros segredos na natureza à espera de serem revelados — e cada nova descoberta contribui para ampliar o conhecimento sobre os ecossistemas do país.