Arrepios ao ouvir música podem ter origem nos seus genes

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 Por que algumas pessoas se arrepiam ao ouvir uma melodia enquanto outras permanecem indiferentes? A resposta pode estar inscrita nos nossos genes. Uma nova pesquisa internacional, publicada na revista Nature Communications, aponta que até 54% da nossa resposta emocional à música pode ser herdada geneticamente.

O levantamento foi feito com base em dados de mais de 9 mil gêmeos suecos, com idades entre 37 e 64 anos. A equipe comparou as reações de gêmeos idênticos, que compartilham praticamente todo o DNA, com as de gêmeos fraternos, cuja semelhança genética é de cerca de 50%. O resultado mostrou que os gêmeos idênticos apresentavam reações emocionais significativamente mais semelhantes, indicando uma forte influência da hereditariedade.

Os voluntários responderam ao Questionário de Recompensa Musical de Barcelona, que avalia desde o prazer em ouvir e compartilhar músicas até a vontade de dançar com elas. Segundo os pesquisadores, as respostas emocionais à música são moldadas tanto pela genética quanto pelo ambiente em que a pessoa cresceu.

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“Este estudo explora algo que muitos músicos já suspeitavam: algumas pessoas são simplesmente programadas para se conectar com a música em um nível mais profundo”, comentou Mitchell Hutchings, professor associado de voz da Florida Atlantic University, em entrevista à Live Science.

Ainda assim, o ambiente não pode ser descartado. Experiências musicais vividas na infância, o hábito de ouvir música com a família ou a exposição frequente a concertos também desempenham papel essencial, compondo os 46% restantes da equação.

Os pesquisadores também descobriram que aspectos distintos da experiência musical — como a empatia gerada por uma letra, a vontade de se mover ao som ou o prazer em dividir músicas com amigos — parecem ser influenciados por diferentes conjuntos de genes. Além disso, cerca de 70% da influência genética identificada não está ligada a habilidades musicais específicas, como percepção de ritmo ou tom, sugerindo que a emoção musical pode ter um caminho próprio no cérebro.

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A pesquisa foi conduzida por Giacomo Bignardi, doutorando do Instituto Max Planck de Psicolinguística, e reforça a importância de explorar as bases biológicas da música como fenômeno humano. Para Michelle Luciano, professora da Universidade de Edimburgo, os dados oferecem novas perspectivas para entender por que a música é uma experiência tão universal e profunda.

Os cientistas, no entanto, fazem ressalvas. Como todos os participantes eram suecos, há a necessidade de repetir o estudo em contextos culturais diferentes. Além disso, pressupor que todos os gêmeos foram expostos da mesma maneira à música durante a infância pode limitar parte das conclusões. Mesmo assim, o trabalho abre uma nova trilha para quem busca compreender como e por que a música toca tão fundo em certos corações.

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