Dormir menos sem comprometer a saúde pode parecer impossível para a maioria das pessoas, mas para um grupo muito específico, essa é uma realidade determinada pelo próprio DNA. Um novo estudo publicado na revista científica PNAS aponta que uma mutação genética rara pode permitir que alguns indivíduos funcionem perfeitamente bem com apenas quatro horas de sono por noite.
A mutação, batizada de SIK3-N783Y, foi identificada em uma pessoa com padrões de sono significativamente mais curtos que o habitual, mas sem sinais de cansaço ou prejuízo cognitivo. A descoberta pode abrir caminhos para novas terapias voltadas ao tratamento de distúrbios do sono, afirmam os autores da pesquisa.
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“Mesmo dormindo menos, esses indivíduos conseguem cumprir todas as funções fisiológicas de recuperação e limpeza que o organismo realiza durante o sono”, explicou a neurocientista Ying-Hui Fu, uma das autoras do trabalho, em entrevista à Nature. Fu lidera uma equipe que há décadas investiga os mecanismos genéticos por trás do sono curto natural.
Para entender melhor o impacto da mutação, os cientistas aplicaram a alteração em camundongos de laboratório. Os animais geneticamente modificados dormiram, em média, 30 minutos a menos por dia. Embora o efeito em roedores tenha sido modesto, a resposta no organismo humano pode ser mais significativa, avaliam os pesquisadores.
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A busca por genes ligados à redução natural do sono não é recente. Desde os anos 2000, a equipe de Ying-Hui Fu já catalogou pelo menos cinco mutações, distribuídas em quatro genes diferentes, que aparecem com frequência entre pessoas que dormem de três a seis horas por noite e, ainda assim, mantêm uma boa qualidade de vida.
Segundo os pesquisadores, compreender como essas mutações funcionam pode revolucionar os estudos sobre o sono — uma área fundamental para o equilíbrio físico e mental, mas ainda repleta de mistérios.
