E se mosquitos, em vez de transmitirem doenças, prevenissem infecções? Cientistas na Holanda desenvolveram uma vacina inovadora contra a malária, aplicada diretamente por picadas de mosquitos geneticamente modificados. Os primeiros resultados mostram potencial, mas os pesquisadores ainda precisam realizar mais testes antes de tornar o método viável.
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A malária, que infecta mais de 250 milhões de pessoas por ano, ocorre quando mosquitos do gênero Anopheles transmitem o protozoário Plasmodium. Nesse estudo, os pesquisadores modificaram geneticamente o Plasmodium falciparum, causador da forma mais grave da doença, para interromper seu ciclo de desenvolvimento em fases críticas. Essa alteração impede que o parasita progrida para a doença sintomática.
Como funcionou o experimento?
Os cientistas reuniram 23 voluntários que foram expostos a picadas de 50 mosquitos infectados. Eles dividiram os participantes em dois grupos:
- No primeiro grupo, os voluntários receberam o parasita GA1, que para de se desenvolver 24 horas após a infecção.
- No segundo grupo, os cientistas usaram o parasita GA2, programado para interromper seu ciclo seis dias após a infecção, na fase crucial de replicação no fígado.
Além disso, os pesquisadores incluíram um grupo de controle com mosquitos inofensivos. Os voluntários repetiram as sessões três vezes, com intervalos de um mês. Após esse período, os cientistas expuseram todos os participantes a mosquitos transmissores de malária normais para avaliar a imunidade.
Os resultados mostraram que:
- O GA1 protegeu 13% dos voluntários contra a malária.
- O GA2 imunizou 89% dos participantes.
Além de coceira nas picadas, nenhum dos voluntários apresentou efeitos colaterais graves. Esses dados reforçam o potencial do GA2 como uma ferramenta eficaz para prevenir a doença.
Próximos passos
Os cientistas reconhecem que ainda precisam superar alguns desafios. Eles planejam ampliar os testes com mais participantes, verificar a eficácia contra diferentes cepas do Plasmodium e avaliar a durabilidade da imunidade em regiões endêmicas, como a Amazônia, África Subsaariana e sudeste asiático.
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Apesar de já existirem vacinas contra a malária, a eficácia máxima delas é de 75%, e elas exigem reforços periódicos. Essa nova abordagem, que utiliza mosquitos para aplicar a vacina, pode oferecer uma solução mais eficaz e prática.
“São necessários mais estudos com um número maior de participantes para entender melhor o perfil de segurança do GA2”, explicaram os autores da pesquisa, publicada na revista The New England Journal of Medicine. Com avanços adicionais, essa técnica inovadora pode transformar a luta contra uma das doenças mais mortais do planeta.