Novos dados sísmicos obtidos em Marte sugerem a existência de um vasto reservatório de água líquida abaixo da superfície do planeta. O estudo, publicado na revista National Science Review, indica que essa camada subterrânea pode conter volume suficiente para cobrir toda a superfície marciana com um oceano de até 780 metros de profundidade.
A descoberta foi feita a partir da análise de ondas sísmicas detectadas pelo módulo InSight da NASA, entre 2021 e 2022. Os registros apontaram que as ondas desaceleravam entre 5,4 e 8 quilômetros abaixo do solo marciano — um indicativo clássico da presença de materiais líquidos. Segundo os pesquisadores, esse comportamento das ondas pode ser explicado por uma camada porosa de rochas saturadas com água, semelhante a aquíferos subterrâneos na Terra.
“Essa ‘camada de baixa velocidade’ é provavelmente uma rocha altamente porosa preenchida com água líquida, como uma esponja saturada”, explicam os geofísicos Hrvoje Tkalčić, da Universidade Nacional Australiana, e Weijia Sun, da Academia Chinesa de Ciências.
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Estudos anteriores já sugeriam que Marte abrigou grandes volumes de água há bilhões de anos, mas a maior parte desse recurso “desapareceu” com o tempo, à medida que o planeta perdeu seu campo magnético, teve sua atmosfera destruída por radiação solar e se tornou um ambiente árido e congelado. Parte da água teria escapado para o espaço, outra parte ficou retida como gelo ou presa em minerais — mas um volume expressivo seguia sem explicação.
O novo estudo ajuda a preencher essa lacuna. “Essas descobertas são consistentes com a ideia de que grande parte da água antiga de Marte migrou para o subsolo e ficou aprisionada em aquíferos profundos”, afirma Tkalčić.
Embora ainda não haja confirmação definitiva da presença de água líquida, a hipótese renova o entusiasmo da comunidade científica. Além de representar um recurso vital para futuras missões humanas ao planeta, a presença de água líquida aumenta as chances de que Marte possa abrigar formas de vida microbiana.
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Para os cientistas, o próximo passo é claro: missões futuras equipadas com sismômetros mais avançados e brocas capazes de perfurar o subsolo marciano serão essenciais para comprovar a teoria e desvendar os mistérios hídricos do planeta vermelho.