Pesquisadores do Instituto SETI e da NASA identificaram em Marte indícios de um possível mineral inédito, com base em camadas incomuns de sulfatos de ferro observadas na superfície do planeta. A descoberta, liderada pela cientista Janice Bishop, foi publicada em 5 de agosto na revista Nature Communications.
A análise foi realizada a partir de dados coletados por sondas orbitais em regiões como o sistema de cânions Valles Marineris, o planalto próximo ao Juventae Chasma e a cratera Aram Chaos. Nessas áreas, os cientistas detectaram assinaturas espectrais incomuns, compatíveis com a presença de hidroxissulfato férrico — um composto raro até então não confirmado como mineral.
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Formação em laboratório
Para entender o processo de formação do composto, a equipe reproduziu as condições em laboratório. Segundo Johannes Meusburger, da NASA Ames, o material só se forma quando sulfatos ferrosos hidratados são aquecidos na presença de oxigênio. O resultado foi um material com estrutura cristalina e estabilidade térmica únicas, características que sugerem tratar-se de um novo mineral.
Apesar da descoberta, o composto só poderá ser oficialmente reconhecido como mineral se também for encontrado na Terra, conforme os critérios estabelecidos pela Associação Mineralógica Internacional (IMA).
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Implicações para a história marciana
A existência do hidroxissulfato férrico em Marte indica que processos envolvendo calor, água e oxigênio ocorreram mais recentemente do que se imaginava. “Compreender como esse composto se forma pode revelar muito sobre a atividade térmica e química em Marte, além de indicar possíveis condições para a existência de vida no passado”, explicou Bishop.
A descoberta reforça a hipótese de que o planeta vermelho permaneceu ativo em termos geológicos e químicos por mais tempo do que se pensava, o que amplia o interesse científico sobre sua evolução e potencial habitabilidade.