Astrônomos identificaram um possível novo visitante vindo de fora do Sistema Solar. Batizado de 3I/Atlas, o objeto pode ser o terceiro corpo interestelar já detectado pela ciência, reforçando a hipótese de que esses viajantes cósmicos são mais comuns do que se imaginava.
A descoberta foi feita recentemente pelo sistema ATLAS (Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System), através de um telescópio localizado em Río Hurtado, no Chile. Inicialmente nomeado A11pl3Z, o objeto foi avistado no dia 30 de junho e já vinha sendo monitorado por outros observatórios. A análise da sua trajetória indica uma órbita hiperbólica — o que significa que ele não está preso ao Sol e pode ter vindo de outro ponto da galáxia.
Segundo a NASA, o corpo celeste está a cerca de 668 milhões de quilômetros do Sol, em direção à constelação de Sagitário, e se desloca a uma impressionante velocidade de 60 km/s. Seu comportamento lembra outros objetos famosos, como ‘Oumuamua, detectado em 2017, e o cometa 2I/Borisov, registrado em 2019 — os únicos dois corpos reconhecidos oficialmente como vindos do espaço interestelar até agora.
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Atividade cometária
Embora sua origem ainda esteja sendo investigada, observações preliminares indicam sinais de atividade cometária, como uma coma difusa e uma pequena cauda, o que levou o Minor Planet Center a também classificá-lo como C/2025 N1. Isso indica que o objeto pode ser, de fato, um cometa e não apenas um asteroide.
“Se for confirmado como um objeto interestelar, será o terceiro do tipo já identificado e mais uma prova de que esses visitantes não são tão raros como pensávamos”, afirmou o astrônomo Mark Norris, da Universidade de Central Lancashire, ao The Guardian.
Há estimativas iniciais que sugerem um diâmetro de até 20 km — maior do que o asteroide que levou à extinção dos dinossauros. No entanto, cientistas como Colin Snodgrass, da Universidade de Edimburgo, alertam que esse cálculo depende da natureza do objeto. “Se o brilho for causado pela coma e não pelo núcleo, o tamanho pode ser consideravelmente menor”, explicou.
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Sem risco para a Terra
Apesar do seu tamanho, a NASA garantiu que não há motivo para preocupação: o objeto permanecerá a uma distância segura da Terra, nunca se aproximando mais do que 1,6 unidade astronômica (cerca de 240 milhões de quilômetros).
A maior aproximação com o Sol deve ocorrer no dia 30 de outubro, quando o cometa passará a cerca de 209 milhões de quilômetros da estrela — uma distância equivalente à órbita de Marte. Depois disso, seguirá sua jornada para fora do Sistema Solar.
Se as previsões se confirmarem, o 3I/Atlas poderá ser observado por astrônomos amadores no final de 2025 ou início de 2026, desde que estejam equipados com telescópios adequados. Segundo Jake Foster, do Observatório Real de Greenwich, ainda não se sabe se o objeto chegará a ser visível a olho nu, mas os próximos meses serão cruciais para definir seu brilho e comportamento.
Com novos dados sendo coletados diariamente, o mistério em torno do 3I/Atlas promete movimentar a comunidade científica — e também os céus, que seguem revelando segredos do espaço profundo.