Descoberta de novo planeta anão além de Plutão desafia teoria do Planeta Nove

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Astrônomos japoneses anunciaram a descoberta de um novo planeta anão nas regiões mais distantes do Sistema Solar, além da órbita de Plutão. Batizado provisoriamente de 2023 KQ14 e apelidado de Ammonite, o objeto foi observado pela primeira vez em março de 2023 com o Telescópio Subaru, no Havaí. Os detalhes do achado foram publicados nesta quinta-feira (24) na revista Nature Astronomy.

Com uma órbita extremamente alongada, Ammonite é classificado como um sednoide — uma categoria rara de corpos celestes que orbitam em regiões remotas, muito além de Netuno. Até o momento, apenas três outros sednoides haviam sido identificados, incluindo Sedna, descoberto em 2004. A órbita de Ammonite varia entre 66 e 252 unidades astronômicas (UA) do Sol, sendo que uma UA equivale à distância entre a Terra e o Sol.

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O nome é uma homenagem ao projeto japonês FÓSSIL (“Formação do Sistema Solar Exterior: Um Legado Gelado”) e remete ao fóssil do cefalópode extinto conhecido como amonita — aludindo à ideia de vestígios antigos que ajudam a decifrar a história do sistema solar.

O aspecto mais surpreendente da descoberta é a orientação da órbita de Ammonite: ela difere significativamente das órbitas de outros sednoides. Esse detalhe coloca em dúvida a chamada hipótese do Planeta Nove, teoria que sugere a existência de um planeta gigante e invisível influenciando gravitacionalmente esses corpos menores em uma direção comum.

“A órbita de Ammonite não se alinha com a dos demais sednoides conhecidos, o que reduz a probabilidade da existência do Planeta Nove conforme propunham as simulações anteriores”, explicou Yukun Huang, coautor do estudo e pesquisador do Observatório Astronômico Nacional do Japão.

Outros especialistas endossam a relevância da descoberta. Para Christopher Impey, astrônomo da Universidade do Arizona, o achado ou enfraquece a hipótese, ou indica que o Planeta Nove estaria tão distante que ainda escapa à detecção atual. Já David Jewitt, da Universidade da Califórnia, destacou que as evidências do suposto alinhamento orbital “nunca foram inteiramente convincentes”.

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Apesar do ceticismo renovado, a busca por um nono planeta continua. Cientistas apostam no poder do Observatório Vera C. Rubin, no Chile, com previsão de operação plena nos próximos anos. Seu mapeamento detalhado do céu noturno pode ser essencial para confirmar ou descartar a existência do misterioso corpo celeste.

Enquanto isso, Ammonite oferece novas pistas sobre a dinâmica do sistema solar exterior — uma região ainda pouco compreendida e cheia de possibilidades para a ciência moderna.

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