Você já parou para pensar se o azul que você vê é o mesmo azul que outra pessoa vê? Essa pergunta, que há décadas intriga cientistas e filósofos, acaba de ganhar uma nova resposta com base em evidências sólidas. Pesquisadores internacionais conduziram um estudo inovador que aponta: sim, pessoas neurotípicas compartilham uma percepção muito semelhante das cores — embora o mesmo não possa ser dito para quem é daltônico.
O trabalho foi publicado em março na revista científica iScience e envolveu mais de 680 participantes. A equipe utilizou uma técnica sofisticada chamada “alinhamento não supervisionado” para mapear como os voluntários percebem e relacionam diferentes tonalidades — e os resultados foram surpreendentes.
No estudo, os participantes analisaram a semelhança entre 93 cores distintas. A maioria era composta por pessoas com visão de cores considerada típica, mas também havia um grupo expressivo de daltônicos. O objetivo era descobrir como cada grupo organizava as cores mentalmente, sem usar nomes ou padrões visuais previamente definidos.
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Entre os participantes neurotípicos, a organização perceptiva das cores mostrou uma consistência impressionante. Ou seja, embora não seja possível afirmar com certeza que todos enxergam “o mesmo vermelho”, a forma como as cores são comparadas e agrupadas tende a ser bastante similar dentro desse grupo.
Já entre os daltônicos, essa estrutura se mostrou completamente diferente, o que indica que a percepção das cores realmente varia de acordo com as capacidades biológicas de cada pessoa — especialmente com relação aos cones da retina, responsáveis pela captação da luz colorida.
A pesquisa vai além da curiosidade: ela oferece um novo caminho para estudar como diferentes cérebros interpretam o mundo. O método utilizado pode ser aplicado, por exemplo, na investigação da percepção de sons, sabores e até emoções. É uma janela promissora para entender como funciona a consciência humana em níveis mais profundos.
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De forma simplificada, tudo começa nos olhos. A retina possui células especializadas que captam diferentes comprimentos de onda — ou seja, cores. Essas informações viram sinais elétricos que seguem para o cérebro, mais precisamente para o lobo occipital, onde o mundo visual é reconstruído e colorido.
Três tipos de receptores são fundamentais nesse processo: sensíveis às faixas de vermelho, azul e verde (e não amarelo, como alguns imaginam). Combinando esses estímulos, o cérebro gera todas as tonalidades que enxergamos.