Pesquisadores do Instituto Max Planck para Antropologia Evolutiva, na Alemanha, identificaram evidências de que formas extintas da sífilis já circulavam nas Américas muito antes da chegada dos europeus. A descoberta, que utiliza análises avançadas de DNA antigo, sugere que a doença teria sido introduzida na Europa após as viagens de Colombo. O estudo foi publicado na revista Nature.
Os cientistas analisaram genomas antigos encontrados em esqueletos de diferentes regiões das Américas, como México, Chile, Peru e Argentina, revelando uma diversidade significativa de patógenos relacionados à sífilis no continente antes da colonização europeia. Esse achado reforça a hipótese de que a doença tenha se originado nas Américas.
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Registros históricos apontam que o primeiro surto conhecido de sífilis na Europa ocorreu em 1495, durante a campanha militar de Carlos VIII na Itália. Embora devastador, esse episódio seria apenas o início de uma disseminação global intensificada pelo colonialismo europeu.
Segundo a líder do estudo, Kirsten Bos, a chegada dos colonizadores europeus foi determinante para a disseminação global da sífilis. A expansão colonial e as redes de tráfico humano desempenharam um papel central na amplificação do alcance da doença, que permanece um desafio de saúde pública até hoje.
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Johannes Krause, coautor da pesquisa, destacou que o trabalho não apenas confirma a origem americana da sífilis, mas também aponta para a complexidade evolutiva do grupo de doenças relacionadas. “Ainda há muito a ser investigado sobre essas formas ancestrais, e o DNA antigo continuará sendo uma ferramenta essencial para desvendar esse passado”, afirmou.
O estudo oferece uma nova perspectiva sobre as origens da sífilis, mas também lança luz sobre as dinâmicas de contato cultural e seus impactos na saúde global ao longo dos séculos.