
Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade da Califórnia em Los Angeles revelou que muitos pacientes com câncer em estágio avançado estão sendo submetidos a tratamentos agressivos, mesmo quando expressam preferência por cuidados voltados ao conforto e alívio de sintomas. A pesquisa, que analisou dados de 1.099 pacientes com diferentes doenças graves, mostrou que 37% dos pacientes com câncer relataram receber terapias incompatíveis com seus desejos, enquanto esse número foi de apenas 19% entre pessoas com outras enfermidades, como insuficiência cardíaca ou doença pulmonar obstrutiva crônica.
Segundo o oncologista Manan Shah, autor principal do estudo, a discrepância entre o tipo de cuidado oferecido e o desejo do paciente é particularmente preocupante no caso dos pacientes oncológicos. A análise revelou que, embora apenas 25% dos entrevistados priorizassem a extensão da vida, e 49% preferissem o alívio dos sintomas, mais da metade dos pacientes com câncer percebiam que o foco do tratamento era prolongar sua sobrevivência. Apenas 19% sentiam que o atendimento estava voltado ao bem-estar e conforto.
Entre os pacientes com outras doenças graves, os dados foram mais equilibrados: 35% percebiam foco em prolongar a vida e 28% em aliviar sintomas, demonstrando maior alinhamento entre médicos e pacientes. A pesquisa também apontou que pacientes mais jovens e em melhores condições físicas eram mais propensos a receber tratamentos intensivos, mesmo quando isso não refletia suas preferências.
O estudo destaca a importância de respeitar os desejos dos pacientes em fases avançadas de doenças graves, especialmente no que diz respeito à qualidade de vida. Os pesquisadores alertam para a necessidade de uma comunicação mais eficaz entre equipes médicas e pacientes, a fim de garantir que os cuidados prestados estejam alinhados com os valores e escolhas individuais de cada pessoa.