Pesquisadores de três países anunciaram resultados que podem abrir caminho para uma nova era na física. Durante experimentos com átomos de cálcio, cientistas da Alemanha, Austrália e Suíça identificaram um comportamento atômico inesperado, que não se encaixa nas previsões do Modelo Padrão – a principal teoria que descreve as forças fundamentais conhecidas do universo.
O estudo, divulgado na última semana pela revista Physical Review Letters, aponta para a possível existência de uma quinta força da natureza. Atualmente, a ciência reconhece apenas quatro: gravidade, eletromagnetismo, força nuclear forte e força nuclear fraca.
A equipe analisou com extrema precisão as transições atômicas em cinco isótopos diferentes de cálcio. O que deveria ser uma variação gradual e previsível, segundo os cálculos do Modelo Padrão, apresentou um comportamento não linear. Em outras palavras, os resultados mostraram um desvio estatisticamente robusto, com uma margem de confiança tão alta – estimada em mil sigmas – que praticamente elimina a chance de erro experimental.
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Mesmo diante da surpresa, os pesquisadores mantêm a cautela. Eles reconhecem que outros fenômenos ainda pouco compreendidos, como possíveis efeitos de polarização nuclear, podem estar por trás das anomalias. Mas a hipótese de uma nova força é considerada plausível, e os dados já permitem aos físicos calcular o limite de massa de uma possível partícula responsável por essa interação invisível – ainda não identificada.
Segundo os autores do estudo, uma explicação possível seria a atuação de um bóson escalar, uma partícula hipotética que poderia mediar uma força inédita entre elétrons e nêutrons. O conceito lembra a interação de Yukawa, descrita nos anos 1930, mas aqui aplicada a um contexto totalmente novo.
Desde sua formulação nos anos 1970, o Modelo Padrão tem sido a espinha dorsal da física de partículas. No entanto, ele não é capaz de responder a algumas das maiores questões da ciência atual, como a origem da matéria escura ou o desequilíbrio entre matéria e antimatéria no universo. Por isso, qualquer sinal de que há forças além das quatro conhecidas é recebido com grande interesse pela comunidade científica.
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Os pesquisadores destacam que a espectroscopia de precisão – a técnica usada neste experimento – vem se consolidando como uma das ferramentas mais promissoras na busca por fenômenos que escapam aos modelos tradicionais.
“Estamos longe de bater o martelo sobre a existência de uma nova força”, ressaltam os autores. “Mas o estudo nos leva um passo adiante na tentativa de entender os limites da física como conhecemos hoje.”