Fenômeno raro no Himalaia revela relâmpagos vermelhos que intrigam cientistas

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Uma tempestade que cruzou os céus da Cordilheira do Himalaia em maio de 2022 produziu um espetáculo incomum e visualmente impactante: relâmpagos de coloração avermelhada surgiram acima das nuvens e iluminaram a paisagem montanhosa com flashes que mais pareciam saídos de um filme de ficção científica. O fenômeno foi registrado por fotógrafos chineses e, agora, teve sua origem finalmente explicada por cientistas.

A pesquisa, publicada no periódico científico Advances in Atmospheric Sciences, detalha como esses relâmpagos — conhecidos como “sprites vermelhos” — se formam em altitudes extremamente elevadas, entre 50 e 90 quilômetros acima da superfície da Terra. Esse tipo específico de descarga elétrica não ocorre dentro das nuvens, como os raios comuns, mas muito acima delas, como resultado de intensas perturbações na atmosfera superior.

O fenômeno registrado em 2022 não só impressionou pela beleza, como também entrou para a história: foram capturados 105 sprites em um único evento — o maior número já observado na região do sul da Ásia. As imagens renderam o prêmio máximo na categoria Skyscapes do concurso internacional Astronomy Photographer of the Year, do Observatório Real de Greenwich, sob o título “Cosmic Fireworks”.

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Além dos sprites, os pesquisadores identificaram outro fenômeno inédito: um brilho esverdeado tênue na base da ionosfera durante a noite, apelidado de “sprite fantasma”. A descoberta é considerada relevante por sua raridade e por ampliar a compreensão sobre processos elétricos em camadas altas da atmosfera.

Para decifrar o enigma desses relâmpagos, os cientistas enfrentaram o desafio da falta de dados exatos nos registros fotográficos. A equipe então recorreu a imagens de satélite e à análise do campo estelar captado nas fotos para cruzar informações e determinar com precisão quando e onde cada sprite ocorreu, conseguindo, assim, associá-los a descargas elétricas específicas que partiram das nuvens em direção ao solo.

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Segundo o professor Gaopeng Lu, da Universidade de Ciência e Tecnologia da China, os sprites foram gerados por descargas elétricas positivas de alta potência, lançadas a partir de tempestades de grande escala. Essas tempestades, conhecidas como Complexos Convectivos de Mesoescala (CCM), se estendiam da Planície do Ganges até o Planalto Tibetano e são frequentemente associadas a eventos climáticos severos.

Outro ponto revelado pelo estudo é que os relâmpagos vermelhos surgiram em áreas de chuva contínua, chamadas regiões estratiformes, o que surpreendeu os pesquisadores. A formação dos sprites nesse ambiente reforça a complexidade das interações elétricas em tempestades de grande porte e levanta novas questões sobre a influência das montanhas na dinâmica atmosférica global.

Com essas descobertas, os cientistas passam a ver o Himalaia não apenas como uma formação geográfica majestosa, mas também como um possível polo de geração de fenômenos elétricos raros e intensos — abrindo caminho para novos estudos sobre as fronteiras pouco exploradas entre clima, atmosfera e eletricidade.

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