Durante as filmagens do documentário Katavi: Africa’s Fallen Paradise, realizado pela série Nature da PBS, cinegrafistas registraram um momento raro no mundo selvagem: um grupo de hipopótamos se reunindo ao redor do corpo de um de seus membros, em um possível sinal de luto coletivo.
A cena foi gravada no Parque Nacional de Katavi, no oeste da Tanzânia, uma das regiões mais remotas do Grande Vale do Rift. O hipopótamo morto, um macho mais velho, teria sucumbido ao estresse causado pelas intensas mudanças climáticas que afetam a região. Após um período de chuvas extremas, uma seca severa atingiu o local, deixando poucos corpos d’água ativos.
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No vídeo, o corpo do animal flutua nas águas rasas enquanto outros membros do grupo se aproximam, tocam-no com delicadeza e permanecem ao redor dele. “É difícil não associar esse comportamento a algum tipo de resposta emocional à morte”, relataram os documentaristas, que acompanharam a movimentação dos hipopótamos durante dias.
Embora reações desse tipo sejam incomuns em hipopótamos, registros isolados apontam que a espécie pode sim demonstrar comportamentos de cuidado e proteção pós-morte. Um dos exemplos mais conhecidos ocorreu em 2018, quando pesquisadores observaram uma fêmea tentando manter o corpo de seu filhote à tona, além de afugentar crocodilos que se aproximavam.
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Esse tipo de resposta, conhecido como comportamento epimelético, ocorre quando animais tentam cuidar de outros indivíduos da mesma espécie que estão feridos, doentes ou mortos. Já foi registrado entre espécies sociais como elefantes, orcas e primatas — e, agora, possivelmente também entre hipopótamos.
O episódio registrado em Katavi reforça a complexidade das relações entre animais selvagens e sugere que, mesmo em ambientes naturais hostis, vínculos emocionais podem influenciar profundamente o comportamento de diferentes espécies.
