Uma equipe de cientistas descobriu uma nova espécie de polvo a cerca de 1.500 metros de profundidade na costa da Austrália Ocidental. Com apenas 4 centímetros de diâmetro e aparência curiosa, o animal foi batizado de polvo-flapjack de Carnarvon (Opisthoteuthis carnarvonensis), em referência à região próxima aos parques marinhos de Carnarvon e Gascoyne, onde foi encontrado.
A espécie integra o grupo dos polvos-dumbo, conhecidos por seu corpo gelatinoso e nadadeiras laterais que lembram as orelhas do famoso elefante da Disney. A descrição oficial foi publicada na última edição do Australian Journal of Taxonomy.
++ Metais raros podem ser achados em mina fantasma nos Estados Unidos
Panqueca do fundo do mar
Segundo os pesquisadores, o polvo recém-descrito possui uma habilidade peculiar: consegue achatar completamente o corpo, assumindo uma forma semelhante a uma panqueca, comportamento inusitado entre os moluscos e que pode estar relacionado a estratégias de defesa ou camuflagem.
Outro destaque são os olhos desproporcionalmente grandes, que ajudam o animal a identificar presas em regiões escuras do oceano. Ele se alimenta principalmente de minhocas e pequenos crustáceos, que captura com seus tentáculos.
++ Você sabia? Chimpanzés utilizam plantas medicinais para tratamento de feridas
Biodiversidade profunda
A descoberta foi feita durante uma expedição científica a bordo do navio de pesquisa RV Investigator, da agência nacional de ciência da Austrália (CSIRO). Desde 2022, a equipe vem coletando e catalogando espécies das profundezas com o auxílio de redes, câmeras e trenós de alta tecnologia.
De acordo com Lisa Kirkendale, chefe do Departamento de Zoologia Aquática do Museu da Austrália Ocidental, estima-se que existam mais de 1.000 espécies ainda não descritas no fundo do mar australiano. O polvo-flapjack é a décima nova espécie revelada até agora com base nesse trabalho.
“Descobrir novas espécies ilustra o quão pouco ainda sabemos sobre o oceano profundo nesta região”, afirma Kirkendale.
Para o taxonomista Tristan Verhoeff, também do museu, descrever novas espécies é fundamental para a compreensão da biodiversidade marinha e para futuras políticas de conservação dos ecossistemas profundos.