Estudos recentes realizados pelo centro de pesquisa Scripps Research, na Califórnia, indicam que o vírus H5N1 da gripe aviária, embora atualmente limitado à transmissão entre aves, mamíferos e raros casos humanos, pode sofrer mutações que aumentem sua capacidade de infectar pessoas. Segundo os cientistas, uma alteração genética específica pode ser suficiente para tornar o agente infeccioso transmissível entre humanos, levantando preocupações sobre uma possível pandemia.
O H5N1, já amplamente disseminado em aves selvagens e registrado em surtos em fazendas de gado leiteiro nos Estados Unidos, tem demonstrado dificuldade em infectar humanos. Até o momento, apenas quatro casos foram confirmados no país, todos relacionados ao contato direto com animais infectados, e sem evidências de transmissão entre pessoas. No entanto, um estudo publicado na revista Science aponta que uma única mutação no vírus poderia mudar esse cenário.
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A pesquisa focou na cepa H5N1 2.3.4.4b, responsável por infecções humanas recentes. Os cientistas identificaram que a substituição de um aminoácido específico na proteína hemaglutinina, conhecida como mutação Q226L, poderia permitir que o vírus se ligasse aos receptores presentes nas células humanas, em vez dos receptores típicos das aves. Essa adaptação aumentaria as chances de transmissão entre pessoas.
Apesar do alerta, os pesquisadores ressaltam que a mutação isolada não garante uma pandemia. Outras alterações seriam necessárias, como a mutação E627K, que poderia amplificar a replicação viral e a estabilidade em células humanas. “Monitorar mudanças na especificidade do receptor é fundamental, pois é o primeiro passo para a transmissibilidade entre humanos”, explicou Ian Wilson, coautor do estudo.
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Embora a evolução viral ainda não tenha ocorrido e possa nunca se concretizar, especialistas alertam para a necessidade de vigilância constante. Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), a gripe aviária segue sendo monitorada globalmente para detectar alterações que possam representar riscos à saúde pública.