A Terra já ultrapassou sua capacidade de sustentar a humanidade em 2025. Nesta quarta-feira (24), o mundo alcançou o chamado Dia da Sobrecarga da Terra — data simbólica que marca o momento em que os recursos naturais disponíveis para o ano inteiro se esgotam. A partir de agora, entramos no vermelho ambiental, consumindo mais do que o planeta pode regenerar em 12 meses.
O alerta é feito pela Global Footprint Network, organização internacional que calcula anualmente a data com base na relação entre o consumo de recursos naturais e a capacidade de renovação da Terra. O cálculo evidencia um padrão insustentável, impulsionado pelo crescimento populacional, estilos de vida altamente consumidores e desigualdade no uso dos recursos.
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O marco de 2025 reforça uma tendência preocupante: o esgotamento vem ocorrendo cada vez mais cedo. Em 1971, por exemplo, o Dia da Sobrecarga caiu em 25 de dezembro. Em 2000, já havia sido antecipado para 17 de setembro. Em 2024, a data foi registrada em 1º de agosto. E neste ano, a humanidade esgotou o que a natureza poderia oferecer em menos de sete meses.
A desigualdade global também fica escancarada nesse cenário. Países ricos — como os da Europa Ocidental, Estados Unidos e Japão — atingem o esgotamento de seus próprios recursos entre fevereiro e abril, e continuam operando à custa de ecossistemas de outras regiões, sobretudo dos países em desenvolvimento, concentrados no chamado Sul Global. Especialistas apontam que esse modelo de consumo remonta às dinâmicas do colonialismo, ao transferir o ônus ambiental para populações mais vulneráveis.
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No caso do Brasil, se o planeta inteiro adotasse o mesmo padrão médio de consumo dos brasileiros, o Dia da Sobrecarga ocorreria por volta de 1º de agosto. Embora abaixo dos países mais industrializados, o dado ainda revela um estilo de vida que ultrapassa os limites sustentáveis da natureza.
Enquanto poucos países conseguem manter níveis de consumo dentro da capacidade do planeta, a maioria da população mundial já vive — ambientalmente — no limite do cheque especial. O desafio, alertam ambientalistas, é urgente: repensar sistemas econômicos, reduzir desperdícios e redistribuir de forma mais justa os recursos para garantir um futuro viável às próximas gerações.