Eles podem parecer caóticos em movimento, mas os polvos têm uma lógica surpreendente no controle dos oito braços. Um estudo publicado na revista Scientific Reports mostrou que esses cefalópodes distribuem tarefas entre os membros, usando os da frente em ações de manipulação e os traseiros principalmente para locomoção.
A investigação foi conduzida por uma equipe internacional liderada pela bióloga Kendra Buresch, do Laboratório de Biologia Marinha de Woods Hole, nos Estados Unidos. Entre 2007 e 2015, os pesquisadores reuniram 25 registros em vídeo de polvos selvagens de três espécies, em locais que vão de Vigo, na Espanha, às Ilhas Cayman.
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Ao revisar as imagens, foram catalogados 15 comportamentos e 12 tipos de movimentos dos braços, incluindo enrolar, estender, dobrar e torcer. A análise apontou que os membros dianteiros aparecem com mais frequência em tarefas de alcance e manipulação, enquanto os traseiros são decisivos em deslocamentos, como no “andar de pernas de pau”, quando o corpo se ergue apoiado nos braços, ou no movimento de rolar pelo fundo marinho.
“Em geral, observamos que, para a maioria das ações, os polvos usavam os braços dianteiros com mais frequência do que os traseiros”, disse Buresch.
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A descoberta aproxima os polvos de outros animais que também apresentam preferência no uso de membros, como primatas e roedores. Além de ampliar o entendimento sobre o comportamento desses invertebrados, os resultados podem inspirar inovações em robótica, especialmente na criação de apêndices artificiais mais flexíveis e adaptáveis.
Para os cientistas, a pesquisa reforça a imagem do polvo como um dos animais mais versáteis e inteligentes do reino marinho.