Pulmão de porco é transplantado em humano com morte cerebral pela primeira vez

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Pesquisadores chineses realizaram um transplante inédito ao implantar o pulmão de um porco geneticamente modificado em um homem de 39 anos com morte cerebral. O procedimento, descrito na revista Nature Medicine, manteve o órgão funcional por 216 horas (nove dias), sem sinais imediatos de rejeição ou infecção.

O experimento faz parte das pesquisas em xenotransplantação, técnica que busca reduzir a escassez de órgãos no mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde, apenas 10% da demanda global por transplantes é atendida atualmente.

Apesar do resultado considerado promissor, especialistas ressaltam que ainda há obstáculos significativos. Nas primeiras 24 horas, o pulmão apresentou sinais de acúmulo de fluidos e inflamação. Ao longo dos dias, mesmo com fortes imunossupressores, o órgão foi progressivamente atacado por anticorpos, resultando em danos estruturais.

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“O estudo é empolgante, mas representa apenas um passo incremental”, avaliou Andrew Fisher, professor de medicina respiratória na Universidade de Newcastle. Ele destacou que os pulmões, por estarem em contato direto com o ambiente externo, apresentam desafios adicionais de rejeição e infecção em comparação a outros órgãos.

Peter Friend, da Universidade de Oxford, lembrou que a condição inflamatória do receptor em morte cerebral pode ter influenciado os resultados. Para ele, ajustes em protocolos de imunossupressão, aperfeiçoamento das modificações genéticas e melhorias na preservação dos órgãos são pontos essenciais para avanços futuros.

Nos últimos anos, rins e corações de porcos geneticamente modificados já foram transplantados em humanos, com alguns receptores vivendo meses após a cirurgia. No entanto, os pulmões continuam sendo o maior desafio.

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Além da xenotransplantação, pesquisadores também estudam alternativas como a recuperação de pulmões humanos descartados para transplante, a remodelação de órgãos com células-tronco e até a criação de órgãos humanizados em animais como porcos e ovelhas.

Embora ainda distante da aplicação em pacientes vivos, o experimento chinês é visto como um marco científico que pode abrir caminho para novas soluções contra a escassez de órgãos.

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