Robôs ganham pele sintética que sente calor, toques e até cortes profundos

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Cientistas acabam de dar um passo importante para aproximar máquinas da sensibilidade humana. Pesquisadores criaram uma pele eletrônica feita de gelatina condutora capaz de detectar uma ampla gama de estímulos, incluindo toques leves, variações de temperatura e até cortes profundos — algo inédito em sensores robóticos até o momento. O estudo foi publicado na revista Science Robotics.

A inovação funciona com um sensor multimodal, isto é, um único tipo de sensor que consegue captar diferentes tipos de estímulos físicos ao mesmo tempo. Isso representa um avanço considerável em relação às peles eletrônicas tradicionais, que precisam de múltiplos sensores distintos para detectar, por exemplo, pressão, calor e dor. Além de onerosos, esses sistemas costumam sofrer interferências entre os sinais.

De acordo com os cientistas, a nova pele apresenta flexibilidade e robustez superiores às dos sensores convencionais, geralmente feitos de elastômeros ou silicones que se desgastam facilmente. Também é mais barata e simples de fabricar, o que a torna promissora para robôs humanóides, próteses sensoriais, veículos autônomos e operações de busca e salvamento em ambientes hostis.

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Testes com cortes e calor

Nos experimentos, a equipe moldou o hidrogel condutor em forma de mão humana e expôs o material a jatos de ar quente, toques manuais, interação com braços robóticos e até cortes de bisturi. O resultado foi surpreendente: a pele gerou mais de 1,7 milhão de registros sensoriais a partir de 860 mil caminhos condutores internos, revelando extrema sensibilidade e precisão.

Esses dados foram usados para treinar algoritmos de aprendizado de máquina capazes de diferenciar os tipos de toque e estímulo — um passo fundamental para robôs interpretarem com mais nuances o ambiente, distinguindo o que é seguro ou perigoso ao contato.

“Ainda não chegamos à sensibilidade da pele humana, mas acreditamos que esta seja a pele robótica mais avançada existente atualmente”, afirmou Thomas George Thuruthel, professor de robótica e inteligência artificial na University College London e um dos autores do trabalho. “Nosso sistema é flexível, fácil de montar e pode ser calibrado manualmente para as mais variadas tarefas.”

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Impacto além da robótica

Conforme destacou o portal Live Science, o potencial dessa tecnologia vai além dos robôs. A pele eletrônica pode transformar também a área médica, oferecendo próteses que devolvam parte do tato a pacientes amputados, além de aplicações na indústria, como máquinas que “percebam” o ambiente de forma mais segura.

Para Thuruthel, o próximo desafio é continuar aproximando as sensações robóticas da complexidade do tato humano, permitindo que máquinas e pessoas compartilhem experiências sensoriais reais em um futuro não tão distante.

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