Um estudo da Universidade Purdue (EUA) revelou que rotinas comuns de cuidados com o cabelo podem transformar o banheiro em um ambiente mais poluído do que uma rua movimentada. Em apenas 10 a 20 minutos de uso de chapinha, secador ou modelador térmico associados a sprays e cremes capilares, uma pessoa pode inalar cerca de 10 bilhões de partículas ultrafinas, quantidade comparável a fumar vários cigarros ou respirar em uma avenida congestionada.
Essas partículas, menores que 100 nanômetros, são resultado do aquecimento de compostos voláteis, como silicones presentes em protetores térmicos e produtos de styling. Uma vez inaladas, elas chegam às regiões mais profundas dos pulmões e podem entrar na corrente sanguínea, acumulando-se no organismo.
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Nos experimentos realizados em uma casa-laboratório, as chapinhas se mostraram as maiores responsáveis pelas emissões, especialmente quando utilizadas acima de 150 °C. Já os secadores apresentaram números menores, mas ainda preocupantes. Os cientistas identificaram os siloxanos cíclicos, como o D5 — silicone comum em cosméticos —, entre os principais agentes liberados.
Apesar dos resultados alarmantes, os pesquisadores apontam medidas simples para reduzir os riscos:
- manter o banheiro ventilado ou usar exaustor, o que reduz em mais de 90% a concentração de partículas;
- evitar temperaturas muito altas nos aparelhos térmicos;
- optar por produtos capilares sem silicone.
Publicado na revista Environmental Science & Technology, o estudo é o primeiro a quantificar o impacto invisível das rotinas de modelagem capilar na qualidade do ar doméstico. “Até agora, o público não tinha ideia de que esses hábitos poderiam representar uma fonte significativa de poluição do ar em ambientes internos”, destacou Nusrat Jung, autor principal da pesquisa.