SUS avalia incorporar uso de membrana amniótica no tratamento de queimaduras

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O Sistema Único de Saúde (SUS) poderá passar a oferecer um novo tipo de tratamento para vítimas de queimaduras: o uso da membrana amniótica, tecido que envolve o feto e é descartado durante o parto. A recomendação foi feita pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) e aguarda agora a decisão final do Ministério da Saúde, que deve ser publicada em portaria no Diário Oficial da União em até 180 dias.

Coletada em cesarianas com autorização da mãe, a membrana poderá substituir os enxertos de pele humana ou sintética, atualmente utilizados para evitar infecções em queimaduras graves. Segundo especialistas, o novo método é mais barato, seguro e de fácil obtenção, o que pode ajudar a suprir a atual escassez de tecido nos bancos públicos.

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Técnica já foi usada após tragédia da Boate Kiss

Embora a recomendação oficial seja recente, a técnica já foi empregada no Brasil em caráter emergencial após o incêndio na Boate Kiss, em 2013, em Santa Maria (RS). Na ocasião, hospitais receberam doações internacionais de membranas amnióticas, permitindo o tratamento de diversas vítimas.

O cirurgião plástico Eduardo Chem, diretor do Banco de Tecidos da Santa Casa de Porto Alegre, participou da ação e afirmou que o material recebido foi suficiente para criar um estoque duradouro. Desde então, a Santa Casa iniciou um processo de regulamentação junto à Anvisa e ao Ministério da Saúde, com pesquisas iniciadas em 2013 e protocoladas oficialmente em 2017.

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Vantagens da técnica

A aplicação da membrana é indicada para casos em que o tecido queimado precisa ser removido, deixando a ferida exposta e vulnerável a infecções. Hoje, apenas quatro bancos de tecidos atendem a demanda nacional, cobrindo menos de 40% das necessidades.

“Com a membrana amniótica, que seria descartada no parto, será possível suprir essa carência”, explicou Chem em entrevista ao g1. Segundo ele, a membrana apresenta vantagens logísticas e sanitárias: vem esterilizada do corpo da mãe e é proveniente de um ambiente hospitalar controlado, com exames pré-natais já realizados.

Outra vantagem é a maior aceitação das famílias. “Abordar pessoas que perderam um familiar para doar pele é muito difícil. Já uma mãe que acaba de dar à luz pode se sentir mais aberta a doar algo que seria descartado”, explicou o médico.

A expectativa é que, com a oficialização da medida, o SUS possa ampliar o acesso ao tratamento de queimaduras graves em todo o país, com mais eficiência, menor custo e maior segurança para os pacientes.

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