O Instituto Butantan concluiu os estudos clínicos de sua vacina contra a dengue e submeteu toda a documentação necessária à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Caso aprovada, será a primeira vacina em dose única no mundo capaz de combater a doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti.
“Esse é um marco para a ciência brasileira e um avanço com repercussão global”, afirmou Esper Kallás, diretor do Butantan, destacando o impacto potencial do imunizante para a saúde pública.
Produzida integralmente no Brasil, a vacina, chamada Butantan-DV, utiliza Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) nacional, o que permite uma produção em larga escala para atender à demanda do Sistema Único de Saúde (SUS), caso incorporada.
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Os resultados dos testes clínicos indicam uma eficácia de 79,6% na prevenção de casos sintomáticos da dengue, conforme estudo publicado na revista New England Journal of Medicine. Além disso, outro artigo da The Lancet Infectious Diseases apontou 89% de proteção contra casos graves da doença. A vacina também demonstrou um perfil de segurança satisfatório.
Embora ainda não haja prazo definido para o parecer da Anvisa, Gustavo Mendes, diretor de Assuntos Regulatórios do Butantan, acredita que a análise seja ágil, com eventuais ajustes durante o processo. Mesmo após a aprovação, será necessário discutir a integração ao SUS e o valor de comercialização, o que pode prolongar o início da distribuição.
Em 2024, o Brasil enfrentou um recorde de casos de dengue, com 6,6 milhões de infecções prováveis e cerca de mil mortes confirmadas. Atualmente, apenas duas vacinas contra a dengue têm registro no país: a Dengvaxia, restrita a quem já foi exposto ao vírus, e a Qdenga, disponível de forma limitada no SUS.
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A vacina do Butantan, se aprovada, pode representar uma nova ferramenta no combate à doença, oferecendo uma solução acessível e de fácil aplicação para a população brasileira.