O segundo domingo de maio se aproxima e, com ele, uma das datas mais celebradas no calendário moderno: o Dia das Mães. No entanto, pouca gente conhece a história de Anna Jarvis, a mulher que idealizou o feriado e acabou rejeitando aquilo que criou. A americana passou os últimos anos da vida em uma campanha incansável contra o que, segundo ela, havia se tornado uma distorção comercial de seu propósito original.
Tudo começou no início do século 20, quando Jarvis quis prestar homenagem à própria mãe, Ann Jarvis, uma ativista que, durante a Guerra Civil dos Estados Unidos, criou grupos de apoio a mães de soldados dos dois lados do conflito. Inspirada por esse legado de união e compaixão, Anna organizou, em 1907, uma cerimônia em memória da mãe — e ali nasceu a ideia de transformar aquela homenagem em algo maior.
No ano seguinte, a iniciativa se expandiu e foi realizada em diversas igrejas. Ganhou força até ser oficialmente reconhecida como feriado nacional nos EUA em 1914, quando o então presidente Woodrow Wilson assinou a lei que estabeleceu o Dia das Mães no segundo domingo de maio.
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O que era para ser uma data de reverência íntima, no entanto, logo virou alvo do consumo desenfreado. Jarvis ficou indignada ao ver a indústria se apropriar da ocasião para vender flores, cartões e presentes, esvaziando, segundo ela, o verdadeiro sentido da celebração. Ela chegou a escrever cartas aos jornais e fazer discursos denunciando o que chamava de “profanadores” da data.
Em uma de suas manifestações públicas, Anna questionou a moralidade por trás da exploração comercial do amor materno: “Transformaram o Dia das Mães em uma máquina de fazer dinheiro. Isso é um ultraje”.
Tão determinada a barrar essa apropriação, Jarvis enfrentou figuras influentes da época, como a primeira-dama Eleanor Roosevelt, que usava a data para promover campanhas de arrecadação. Ela também protagonizou protestos, incluindo um em uma convenção na Filadélfia, onde acabou detida por perturbar o evento.
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Ironia do destino ou não, Anna Jarvis morreu sem filhos e sem ter se casado. Faleceu aos 84 anos, em 1948, em um sanatório na Pensilvânia, com a saúde debilitada e os ideais intactos. Foi enterrada ao lado da mãe, a quem tanto quis homenagear — mas longe da festa que seu gesto acabou inspirando.