A polêmica por trás da foto de Tancredo Neves que dividiu o Brasil

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Em março de 1985, o Brasil vivia a expectativa de um novo capítulo político com Tancredo Neves, o primeiro presidente civil eleito desde o regime militar. No entanto, sua saúde debilitada nos meses que antecederam sua posse gerou incertezas e culminou na produção de uma fotografia que, em vez de apaziguar, desencadeou dúvidas e especulações em todo o país.

A imagem foi registrada no Hospital de Base de Brasília por Gervásio Baptista, renomado fotojornalista, a pedido das autoridades. O objetivo era retratar Tancredo como um líder em recuperação, cercado por sua equipe médica. A ideia era transmitir uma mensagem de otimismo à nação, mas o resultado acabou sendo controverso.

Na foto, Tancredo aparece visivelmente abatido, quase deitado em um sofá, o que rapidamente alimentou boatos sobre sua real condição. Alguns questionaram até mesmo se o presidente eleito estava vivo no momento do registro.

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Os rumores ganharam força quando surgiram relatos de que Tancredo dependia de ajuda médica disfarçada para parecer em melhores condições. A teoria de que uma enfermeira estaria escondida atrás do sofá, segurando frascos de soro, foi amplamente disseminada, apesar de desmentida pelo próprio fotógrafo.

Em entrevistas, Gervásio Batista revelou que tomou cuidado para evitar qualquer situação que pudesse parecer uma “armação”. Ele alertou os médicos a não encenar gestos que poderiam ser mal interpretados e garantiu que Tancredo estava consciente durante a sessão de fotos.

Outra imagem tirada naquele dia, desta vez ao lado de sua esposa, dona Risoleta, reforçou a veracidade da situação. Nela, Tancredo aparece sorridente, embora ainda frágil, demonstrando algum vigor apesar de sua condição.

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Segundo Antonio Britto, autor do livro Assim morreu Tancredo, o cenário para a foto principal foi cuidadosamente montado. Tancredo foi transportado de cadeira de rodas até a sala, vestido com um robe sobre o pijama e uma echarpe para esconder os sinais de intervenção médica.

Apesar dos esforços para tranquilizar a população, a saúde de Tancredo continuou a se deteriorar. Horas após o ensaio fotográfico, ele sofreu uma hemorragia e precisou ser transferido para o Instituto do Coração, em São Paulo. No dia 21 de abril de 1985, Tancredo faleceu, aos 75 anos, sem assumir a presidência.

A imagem que buscava transmitir esperança se tornou um símbolo de incerteza, marcando um momento decisivo na história política brasileira.

 

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