O Dodecaneso, próximo à costa da Turquia, é conhecido por suas belezas naturais e por ser palco de histórias que remontam a Ulisses, de “Odisseia”, e Alexandre, o Grande. Mas, além de lendas e tradições gregas, essas ilhas foram moldadas por influências de cavaleiros, sultões otomanos, autoridades britânicas e italianas. Entre elas, Leros guarda um capítulo particular que expõe feridas históricas ainda sensíveis.
Durante a ocupação italiana nos anos 1920, Leros foi transformada em uma fortaleza militar pelos fascistas, liderados por Benito Mussolini. A cidade de Lakki, anteriormente conhecida como Portolago, foi um símbolo da arquitetura e ambições italianas na região. Após a Segunda Guerra Mundial e a derrota italiana, as ilhas do Dodecaneso foram devolvidas à Grécia em 1947, mas Lakki permaneceu marginalizada, carregando a estigma de seu passado fascista.
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Nos anos 1980, a ilha voltou ao centro das atenções de maneira chocante. Reportagens expuseram a realidade de um hospital psiquiátrico local, onde pacientes eram submetidos a condições desumanas. Imagens de homens maltratados e desnutridos revelaram uma negligência devastadora, descrita como “uma prisão triste para homens exilados da sociedade”. O caso, que ganhou repercussão como “O segredo vergonhoso da Europa”, forçou o governo grego a repensar práticas de saúde mental.
Após o fechamento do hospital nos anos 1990, Leros ainda enfrentou novos desafios. Durante a crise migratória de 2015, a ilha foi designada como local de acolhimento para refugiados, reacendendo debates sobre a memória histórica e o uso de espaços com passado trágico.
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Hoje, Leros tenta se reinventar. A proposta de tornar Lakki patrimônio da UNESCO busca preservar tanto sua beleza quanto a memória das vítimas que marcaram diferentes períodos de sua história. O desafio, porém, está em equilibrar desenvolvimento e respeito àqueles que sofreram nos capítulos mais sombrios da ilha.
