Censura a obras e livros cresce nos Estados Unidos, aponta estudo

Data:

Uma nova pesquisa da organização PEN America aponta um crescimento preocupante da censura a livros e obras de arte nos Estados Unidos. O relatório “O horizonte da censura” revela que museus e instituições culturais enfrentam pressões ideológicas e políticas que resultam no cancelamento de exposições e restrições a conteúdos considerados sensíveis.

A investigação destaca que projetos de lei em diversos estados americanos, especialmente impulsionados por legisladores do Partido Republicano, buscam revogar proteções legais para exibição de materiais com nudez ou teor sexual explícito a menores de idade. Caso essas medidas sejam aprovadas, museus e seus diretores poderão ser responsabilizados judicialmente por obras exibidas ao público.

A pesquisa, realizada entre junho e julho de 2024, período em que Joe Biden ainda estava na presidência, alerta que, mesmo sem serem aprovadas, tais propostas já representam uma ameaça à liberdade artística e à autonomia das instituições culturais.

Conduzido em parceria com a Associação de Diretores de Museus de Arte (AAMD) e a organização Artists at Risk Connection (ARC), o estudo analisou a percepção de 95 diretores de museus sobre a censura e a autocensura no setor. Os resultados mostram que 90% das instituições não possuem um protocolo específico para lidar com tentativas de censura.

++ Cientistas chineses constroem o robô quadrúpede mais rápido do mundo

Entre os principais temas visados por essas restrições estão obras que abordam o conflito entre Israel e Palestina, críticas a valores religiosos e discussões sobre sexualidade. Os entrevistados indicaram que a censura tem se intensificado e pode crescer ainda mais nos próximos anos. Para 41% dos diretores, a principal fonte dessas restrições são autoridades republicanas, enquanto apenas 3% apontaram democratas.

A censura, no entanto, não parte apenas de agentes políticos. Conselhos administrativos (13%), doadores (12%), funcionários dos museus (11%) e até o público (7%) também exercem influência nas decisões sobre exibições e curadorias.

Outro ponto levantado pelo relatório é que as pressões por censura frequentemente envolvem a identidade racial ou étnica dos artistas (26%), suas posições políticas e temáticas relacionadas à sexualidade (19%). Para 80% dos diretores entrevistados, retirar uma obra por conta da identidade LGBTQIAP+ ou racial de seu criador constitui censura. No entanto, quando a remoção se baseia em critérios de qualidade artística, apenas 34% consideram a medida como censura.

++ Conheça King Kong, o búfalo aquático mais alto do mundo

A pesquisa também evidencia uma “zona cinzenta” entre autocensura e curadoria, especialmente em exposições que abordam temas políticos controversos. Os diretores afirmam compreender a importância da liberdade de expressão, mas também relatam pressões para adotar abordagens mais cuidadosas diante de temas sensíveis.

O estudo foi divulgado poucos meses após outro relatório da PEN America, que apontou um salto alarmante no número de livros proibidos em escolas e bibliotecas dos Estados Unidos. O levantamento mostrou que, em um ano, as restrições aumentaram de 3.362 para mais de 10.000 obras vetadas, muitas delas de autores renomados como Stephen King, Gabriel García Márquez e Agatha Christie.

A organização destaca que essas restrições são frequentemente motivadas por pressões de grupos conservadores e mudanças na legislação estadual, afetando o acesso da população à diversidade cultural e intelectual.

O relatório conclui que a censura, tanto em museus quanto em escolas, reflete um cenário de crescente politização da arte e da literatura, trazendo desafios significativos para a liberdade de expressão nos Estados Unidos.

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Compartilhe:

Newsletter

spot_imgspot_img

Popular

Leia mais
Veja também

Influencer aceita desafio e consome 900 ovos em um mês; entenda o que mudou em sua vida

O entusiasta do universo fitness, Joseph Everett, decidiu testar...

A incrível jornada de duas crianças que viajaram 3.000 km a cavalo sem supervisão

Louis e Temple Abernathy ganharam notoriedade por suas extraordinárias...

Jovem com surdez e paralisia cerebral vence barreiras e consegue aprovação em curso na UFCAT

Marco Antônio Mariano, um jovem que enfrenta surdez e...