Um experimento da Universidade de Cambridge colocou o ChatGPT diante de um problema matemático descrito há 2,4 mil anos, atribuído a Platão. A pesquisa, publicada em 17 de setembro no International Journal of Mathematical Education in Science and Technology, foi conduzida pelo professor Andreas Stylianides e pelo pesquisador visitante Nadav Marco.
O estudo recriou um diálogo clássico de 385 d.C., em que Sócrates ensina um jovem a dobrar a área de um quadrado. No relato original, o garoto sugere apenas duplicar o comprimento dos lados, solução incorreta. Orientado, descobre que a figura desejada deve ter lados iguais à diagonal do quadrado inicial — um dos primeiros registros de ensino de matemática.
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Os cientistas apresentaram o mesmo desafio ao ChatGPT e inseriram variações e erros no enunciado para observar como a IA reagiria. Em vez de reproduzir o método geométrico de Platão, o chatbot usou uma abordagem algébrica, inexistente na época. Segundo os autores, isso demonstrou preferência pelo caminho mais eficiente, ainda que fora da narrativa original.
“Quando enfrentamos um novo problema, nosso instinto geralmente é testar soluções com base em nossa experiência passada. Em nosso experimento, o ChatGPT pareceu fazer algo semelhante”, explicou Marco.
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O estudo também ampliou o desafio, pedindo que a IA dobrasse a área de retângulos e triângulos. Novamente, a primeira resposta foi algébrica. Pressionado, o sistema chegou à solução geométrica correta em alguns casos, mas em outros apresentou erros ou justificativas imprecisas, comportamento que os pesquisadores compararam à improvisação de um aluno diante de uma questão desconhecida.
Para os autores, o resultado indica que, embora o ChatGPT não crie conhecimento novo, sua forma de lidar com os problemas lembra processos humanos de tentativa, ajuste e aprendizado.