Em uma nova tentativa de conter o avanço do narcotráfico, o governo da Colômbia anunciou que vai pagar a camponeses que arrancarem plantações de coca, planta que serve de matéria-prima para a produção de cocaína. O programa prevê um pagamento inicial de cerca de US$ 300 (aproximadamente R$ 1.700) e outros 11 subsídios para apoiar a transição para cultivos legais, como café e cacau.
O plano, segundo o governo, tem como meta eliminar 45 mil hectares de plantações ilegais em regiões conflituosas. A expectativa é que o investimento chegue a US$ 14,4 milhões (cerca de R$ 82 milhões), podendo variar conforme o número de famílias que aderirem à iniciativa.
A proposta faz parte da política do presidente Gustavo Petro, que prometeu uma nova abordagem para a luta contra as drogas ao assumir o poder em 2022. No entanto, nas últimas semanas, Petro endureceu o discurso contra grupos ilegais e anunciou, inclusive, a retomada do uso de herbicidas para fumigação de cultivos de coca.
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Críticas e desafios
Especialistas questionam a eficácia do programa. Para a pesquisadora Estefanía Ciro, da Comissão da Verdade, a estratégia repete iniciativas anteriores fracassadas ao focar na erradicação da coca sem resolver o conflito armado nas regiões produtoras. “A coca tem que desaparecer”, seria ainda o princípio norteador, segundo ela, sem que haja antes o desarmamento dos grupos ilegais.
A supervisão da retirada das plantas será feita por imagens de satélite. Apesar disso, há preocupações quanto a fraudes, como pessoas que possam simular a erradicação para receber os pagamentos. Pablo Daza, secretário de governo de Argélia, no sudoeste do país, admite o risco de falsificações e reforça a necessidade de fiscalização criteriosa.
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A Colômbia aguarda ainda a decisão dos Estados Unidos — sob a presidência de Donald Trump — sobre a renovação da certificação do país como aliado no combate ao narcotráfico. Segundo a ONU, a Colômbia possuía 253 mil hectares de plantações de coca em 2023, o maior número já registrado.