Um dos registros mais raros da Segunda Guerra Mundial voltou à luz depois de passar mais de 50 anos esquecido. Trata-se de um diário de bordo da base naval de Pearl Harbor, que documenta a rotina de militares entre março de 1941 e junho de 1942, período que inclui o ataque japonês que levou os Estados Unidos a entrarem no conflito.
O livro só foi salvo graças ao acaso. Na década de 1970, a funcionária Oretta Kanady trabalhava na Base Aérea de Norton, na Califórnia, quando encontrou a obra em meio a uma pilha de lixo durante uma limpeza. Intrigada, pediu permissão para levá-la para casa. Sem saber, havia resgatado um documento de enorme valor histórico.
O material acabou guardado por anos na casa de sua família até ser redescoberto em 2023 pela noiva de seu filho, Michael Bonds. Ao perceber a relevância, o casal procurou especialistas, que confirmaram se tratar de um diário oficial da Marinha. Pouco tempo depois, o Arquivo Nacional dos Estados Unidos foi acionado e recuperou o documento.
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Com mais de 500 páginas, o registro inclui dados meteorológicos, movimentação de navios e anotações diárias. Os dias 6 e 7 de dezembro de 1941 chamam atenção pelas descrições diretas do ataque: “Às 06:57, submarino desconhecido (japonês) atacou — foi atacado e afundado perto da entrada. Às 07:55, aeronaves e submarinos japoneses atacaram Pearl Harbor e outros objetivos militares e navais em Oahu”. O episódio resultou na morte de mais de 2.400 soldados norte-americanos e na declaração de guerra contra o Japão.
Após análise, os especialistas confirmaram que o diário pertencia ao governo. Apesar de não receberem compensação financeira, Bonds e sua noiva foram reconhecidos pelo Arquivo Nacional pelo cuidado em preservar o documento. Desde agosto, as páginas digitalizadas estão disponíveis ao público.
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Para os historiadores, a recuperação é valiosa não apenas para compreender os movimentos militares, mas também para avaliar registros climáticos raros daquele período. “Este item especial é um dos poucos registros sobreviventes que ajudam a contar a história da data que permanecerá na infâmia”, destacou Jim Byron, consultor sênior do Arquivo Nacional.
Mais de oito décadas após o ataque, as anotações feitas por marinheiros anônimos reforçam o peso da memória histórica e mostram como relatos cotidianos podem se transformar em peças fundamentais para a compreensão da guerra.