Jimmy Carter, ex-presidente dos Estados Unidos, deixou um legado importante na defesa dos direitos humanos, inclusive no Brasil. Durante seu mandato, Carter se destacou por estabelecer diálogos significativos com opositores do regime militar que governava o país na década de 1970.
Entre as figuras mais notáveis com quem Carter manteve contato está Dom Paulo Evaristo Arns, cardeal e arcebispo de São Paulo. O vínculo entre ambos começou em 1977, quando Dom Paulo enviou uma carta ao presidente americano relatando a repressão política e anexando uma lista de desaparecidos. Esse gesto precedeu a divulgação pública do documento no Brasil meses depois.
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Na correspondência, o cardeal destacou a angústia de familiares de prisioneiros políticos e apelou para que Carter usasse sua influência em favor dos direitos humanos. Carter respondeu com sensibilidade, reconhecendo a gravidade da situação e elogiando o trabalho de Dom Paulo em defesa da dignidade humana.
A visita de Carter ao Brasil, inicialmente planejada para incluir São Paulo, acabou sendo alterada por questões diplomáticas e logísticas. O encontro com Dom Paulo ocorreu no Rio de Janeiro, mas foi diluído pela presença de outros arcebispos alinhados ao regime militar.
Apesar disso, Dom Paulo aproveitou a oportunidade para discutir questões críticas, como a censura à revista São Paulo e a atuação das multinacionais que, segundo ele, contribuíam para a perpetuação de regimes repressivos. Durante o diálogo, ele entregou um memorando detalhando essas preocupações e uma carta coletiva assinada por líderes religiosos denunciando opressões econômicas e políticas em diversas nações.
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A postura de Carter incomodou o governo brasileiro, que tentou minimizar as discussões sobre direitos humanos após sua partida. No entanto, fontes americanas afirmaram que o tema foi central durante sua visita.
Mesmo em meio a desafios diplomáticos, a interação de Carter com líderes religiosos e críticos do regime militar marcou um momento significativo na luta por direitos humanos no Brasil. Seu compromisso em ouvir e apoiar essas vozes continua sendo lembrado como um exemplo de liderança ética e compassiva.