Estudo revela limites da criatividade da inteligência artificial

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Estudo aponta limites criativos da inteligência artificial frente ao potencial humano. (Foto: Geralt / Pixabay)

Embora ferramentas como o ChatGPT estejam cada vez mais integradas ao dia a dia e levantem debates sobre sua capacidade de competir com artistas, escritores e designers, um estudo australiano recente contesta essa visão. A pesquisa, divulgada em 11 de novembro no Journal of Creative Behavior, indica que, apesar da eficiência em gerar textos e ideias, os modelos de inteligência artificial (IA) possuem um limite matemático que restringe sua criatividade.

Conduzido pelo professor David Cropley, da University of South Australia, o estudo utilizou a definição clássica de criatividade — algo que deve ser simultaneamente original e eficaz — para avaliar o desempenho das IAs. Cropley observou que esses sistemas operam com base em padrões estatísticos aprendidos, escolhendo palavras com base na probabilidade de ocorrência. Esse mecanismo gera um impasse: quanto mais surpreendente o conteúdo, menos útil ele tende a ser, e vice-versa. Como resultado, a criatividade das IAs atinge no máximo 0,25 em uma escala de 0 a 1.

Na prática, isso significa que, embora possam produzir textos, músicas e ideias com aparência fluida e coerente, essas ferramentas não conseguem atingir o nível de “criatividade transformadora” — aquela que rompe paradigmas, inaugura movimentos ou propõe soluções verdadeiramente inéditas. Cropley destaca que essa limitação não decorre de falhas técnicas ou falta de dados, mas sim de uma característica estrutural dos modelos atuais.

Portanto, as IAs funcionam melhor como suporte: ajudam a organizar pensamentos, sugerem caminhos e aceleram processos criativos. No entanto, habilidades como pensamento crítico, sensibilidade artística e capacidade de inovar de forma profunda continuam sendo exclusivamente humanas.

O estudo também reforça que profissionais criativos permanecem essenciais em campos que exigem interpretação subjetiva, originalidade e impacto cultural. Para que a IA ultrapasse esse teto criativo, seria necessário desenvolver sistemas com arquiteturas completamente diferentes, que não se baseiem apenas em cálculos probabilísticos.

Enquanto isso não ocorre, a pesquisa sugere um modelo colaborativo entre humanos e máquinas: a IA como ferramenta, e o ser humano como criador. Como resume Cropley, “gerar algo automaticamente não é o mesmo que criar algo realmente novo”.

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