Enquanto a maior parte do mundo segue o calendário gregoriano, adotado em 1582 pelo Papa Gregório XIII, a Etiópia preserva um sistema próprio. Esse modelo se baseia no calendário juliano e recebeu forte influência da tradição copta.
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O calendário etíope possui 13 meses. Doze deles contam com 30 dias, enquanto o décimo terceiro, chamado Pagume, reúne cinco dias em anos normais e seis em anos bissextos. Além disso, o sistema também adota um ano bissexto a cada quatro anos, de forma semelhante ao antigo calendário juliano.
Chamado Enkutatash, o Ano Novo é comemorado em 1º de Meskerem, data que equivale a 11 de setembro no calendário gregoriano, ou a 12 de setembro em anos bissextos. Em 2025, por exemplo, os etíopes celebraram a chegada do ano de 2018. Essa diferença ocorre porque a Igreja Ortodoxa Etíope, fiel ao calendário juliano, considera que o nascimento de Jesus Cristo aconteceu em 7 a.C.
Além de marcar a passagem do tempo, Enkutatash coincide com o fim da estação das chuvas intensas. Nesse período, os campos ganham o brilho das flores amarelas chamadas Adey Ababa, também conhecidas como flores de Meskal. A paisagem se transforma em um cenário festivo e repleto de cores. As comemorações começam ainda na véspera, quando comunidades cristãs se reúnem em missas e orações especiais. No dia seguinte, famílias organizam almoços festivos, recebem parentes e trocam visitas com amigos próximos. Crianças e jovens enchem as ruas carregando buquês de Adey Ababa, enquanto cantam e dançam em grupos animados.
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O nome da celebração guarda uma tradição antiga. De acordo com a lenda, a Rainha de Sabá teria recebido preciosos presentes — chamados enku, ou joias — ao voltar de sua visita ao Rei Salomão, em Jerusalém, por volta de 980 a.C. Desde então, Enkutatash simboliza esperança, renovação e novos começos para o povo etíope.