O local onde Oskar Schindler salvou a vida de mais de mil judeus durante o Holocausto ganhou um novo capítulo. A antiga fábrica, situada na cidade de Brněnec, na República Tcheca, foi transformada em um museu dedicado à memória das vítimas e sobreviventes da Segunda Guerra Mundial.
Inaugurado no dia 10 de maio, poucos dias após o 80º aniversário do fim da guerra na Europa, o espaço — agora chamado Museu dos Sobreviventes — simboliza não apenas a preservação da história, mas também um tributo à coragem de quem arriscou tudo para salvar vidas.
A trajetória da fábrica é marcada por episódios dramáticos. Originalmente pertencente à família judaica Löw-Beer, o prédio foi confiscado pelos nazistas após a invasão da Tchecoslováquia, em 1938. Anos depois, com o avanço soviético na Frente Oriental, Schindler — então administrador de uma fábrica de esmalte na Polônia — transferiu seus negócios e trouxe consigo mais de mil judeus que estavam prestes a serem enviados para campos de extermínio.
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Com influência no regime nazista e experiência no serviço de inteligência alemão, Schindler usou sua posição para garantir a sobrevivência daqueles que constavam em sua famosa lista. Em retribuição, os sobreviventes lhe presentearam com um anel de ouro fundido dos próprios dentes, gravado com a inscrição do Talmude: “Quem salva uma vida, salva o mundo inteiro”.
Décadas depois, Daniel Löw-Beer, descendente da antiga família proprietária da fábrica, liderou os esforços para recuperar o prédio abandonado. Por meio da Arks Foundation, criada em 2019, ele transformou o espaço em um centro de memória, educação e reflexão.
A cerimônia de inauguração reuniu descendentes dos salvos por Schindler e figuras ligadas à preservação dessa história. Entre elas, Margaret Keneally, filha do escritor Thomas Keneally — autor de A Arca de Schindler, livro que deu origem ao premiado filme A Lista de Schindler — entregou documentos inéditos ao acervo do museu, incluindo entrevistas com sobreviventes e manuscritos originais.
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Apesar da abertura simbólica, o museu ainda passa por restaurações. Áreas como o escritório de Schindler, os antigos alojamentos da SS e os dormitórios dos trabalhadores judeus ainda serão revitalizadas para compor a narrativa completa do espaço.
“A ideia é que este seja um lugar de todas as histórias de sobrevivência”, declarou Löw-Beer. “Queremos que as pessoas visitem, aprendam e reflitam — e tirem suas próprias conclusões sobre o passado e o presente.”