Um gesto simples, mas carregado de emoção, marcou o início do velório do Papa Francisco, na Basílica de São Pedro. Diante de milhares de fiéis e autoridades religiosas, uma freira idosa rompeu o protocolo rígido da cerimônia e se aproximou do caixão, chorando silenciosamente em despedida. Era Genevieve Jeanningros, religiosa franco-argentina de 81 anos, cuja relação com o pontífice ultrapassava as formalidades da Igreja.
Amparada por um agente de segurança, a irmã ficou alguns minutos ao lado do corpo de Francisco, gesto originalmente reservado a membros da alta hierarquia da Igreja. O que poderia ser visto como uma transgressão, foi na verdade acolhido com respeito, reconhecimento de uma história de fé, afeto e trabalho conjunto com o Papa em defesa dos excluídos.
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Jeanningros, integrante da Fraternidade das Irmãzinhas de Jesus, vive há décadas entre populações marginalizadas. Foi ela quem intermediou encontros inéditos de Francisco com pessoas trans, casais homoafetivos, circenses, ciganos e outros grupos frequentemente rejeitados pela própria instituição religiosa. Seu trabalho era conhecido e apoiado de perto pelo Papa.
A amizade entre os dois começou logo após a eleição de Francisco ao pontificado, quando Genevieve lhe escreveu sobre a tia missionária desaparecida durante a ditadura argentina. A partir daí, o contato se intensificou: ela levava empanadas argentinas para ele, frequentava audiências no Vaticano e recebia visitas do Papa em Óstia, onde vive de maneira simples num trailer ao lado de outra irmã religiosa.
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A última troca de gestos públicos entre os dois aconteceu em 2024, durante uma audiência no Vaticano, quando se cumprimentaram com carinho diante da multidão. A despedida no funeral selou uma relação marcada por afeto, coragem e compromisso com os que mais precisam.