Inteligência artificial transforma Agatha Christie em professora virtual

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Mais de quatro décadas após sua morte, Agatha Christie “ressurge” como instrutora de um curso online de escrita criativa. A autora, conhecida mundialmente por seus romances policiais, agora é a estrela de um projeto da plataforma britânica BBC Maestro, que recriou sua imagem e voz com ajuda de inteligência artificial para conduzir uma série de aulas sobre o ofício de escrever.

O curso, aprovado pela família da escritora e produzido com base em trechos originais de suas entrevistas e manuscritos, foi desenvolvido com o apoio de uma equipe acadêmica. Uma atriz dá vida à recriação digital, mas todas as falas são extraídas de materiais autênticos da autora, sem invenções ou roteiros artificiais.

Composto por 11 lições, o programa tem duração total de duas horas e meia e inclui exercícios práticos voltados a quem deseja desenvolver suas habilidades de escrita. Os interessados brasileiros podem acessar o conteúdo por cerca de R$ 300, com validade de um ano — sem a necessidade de conversão em libras.

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Apesar do entusiasmo de fãs e entusiastas da literatura, o projeto gerou controvérsia. Especialistas em ética e tecnologia voltaram a discutir os limites do uso de IA para simular pessoas falecidas, especialmente figuras públicas. Alguns classificam a iniciativa como um exemplo de “deepfake cultural”, enquanto outros enxergam nela uma ferramenta para democratizar o acesso ao pensamento de nomes históricos.

Embora a BBC Maestro negue que se trate de um deepfake — termo que costuma remeter à manipulação enganosa —, o uso da imagem e da voz de Christie levantou questionamentos sobre consentimento póstumo e os riscos de distorcer a memória de personalidades públicas. A plataforma, no entanto, defende o projeto como uma ponte entre passado e futuro, que respeita o legado da escritora ao se basear apenas em palavras originalmente ditas por ela.

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Para a família de Christie, o projeto foi autorizado com uma única condição: preservar a fidelidade à autora, tanto na aparência quanto nas falas. O resultado é um curso que, apesar de inovador, desperta debates profundos sobre o papel da tecnologia na preservação da história e da cultura.

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