Juiz é denunciado por viver com identidade falsa durante toda a carreira

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Durante mais de 40 anos, José Eduardo Franco dos Reis viveu uma mentira cuidadosamente construída. Apresentando-se como Edward Albert Lancelot Dodd Canterbury Caterham Wickfield, ele ingressou na faculdade de Direito, construiu uma carreira no Judiciário paulista e chegou a ocupar cargos de destaque antes de se aposentar. Agora, aos 67 anos, o Ministério Público de São Paulo o acusa formalmente de falsidade ideológica e uso de documentos falsos.

A verdadeira identidade do ex-magistrado foi descoberta apenas em outubro de 2024, quando ele tentou obter uma segunda via de um documento de identidade no Poupatempo, na capital paulista. O pedido disparou um alerta no sistema de biometria, levando a Polícia Civil a comparar suas digitais com registros antigos. O resultado expôs a fraude: “Wickfield” e Reis eram, na verdade, a mesma pessoa.

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De acordo com as investigações, a identidade falsa foi criada ainda em 1980. Com ela, o acusado ingressou na Faculdade de Direito da USP, formou-se em 1992 e, três anos depois, foi aprovado no concurso da magistratura. Assinou sentenças, atuou em diferentes comarcas e chegou a ser coordenador da Escola Paulista da Magistratura na região de Serra Negra. Em 2018, aposentou-se oficialmente — ainda como “Wickfield”.

A falsa biografia impressionava. Em uma reportagem de 1995, ele foi descrito como herdeiro de uma linhagem britânica e neto de um juiz inglês. Declarava ter vivido na Inglaterra até os 25 anos. No entanto, registros civis revelaram outra história: nasceu no interior de São Paulo, filho de brasileiros, sem qualquer ligação com a realeza britânica que dizia ter.

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A denúncia apresentada à 29ª Vara Criminal de São Paulo inclui episódios recentes em que o ex-juiz usou documentos falsos, como em registros de veículos e na tentativa de emitir novo RG. O Ministério Público já solicitou o cancelamento de todos os documentos emitidos com a identidade fictícia e pediu à Justiça medidas restritivas, como a retenção do passaporte e a proibição de que ele deixe a cidade onde mora.

Até o momento, as motivações para a construção da identidade falsa permanecem desconhecidas. A defesa de José Eduardo Franco dos Reis ainda não se pronunciou.

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