Ministério Público investiga abandono de patrimônios doados por Eufrásia Teixeira Leite em Vassouras

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O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) instaurou um inquérito para apurar o estado de abandono de imóveis construídos com recursos doados por Eufrásia Teixeira Leite à cidade de Vassouras, no centro-sul fluminense. Os bens incluem dois colégios e um hospital, todos em condições precárias e desativados.

Eufrásia nasceu em Vassouras há 175 anos e foi uma das mulheres mais ricas do Brasil no século 19, herdeira de uma das maiores fortunas do ciclo do café. Órfã ainda jovem, mudou-se para Paris e se destacou internacionalmente como uma das primeiras mulheres a investir na bolsa de valores. Ao falecer, em 1930, deixou toda a fortuna para sua cidade natal, com instruções claras para que os recursos fossem usados em benefício da população — especialmente nas áreas de educação e saúde.

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Estima-se que, em valores atuais, o patrimônio deixado por Eufrásia equivaleria a mais de R$ 1 bilhão. Com esse montante, foram construídos o Colégio Regina Coeli, destinado à formação de meninas órfãs; um instituto profissional para meninos, que viria a abrigar uma unidade do Senai; e um hospital considerado moderno para a época. Os imóveis foram erguidos em terrenos da própria família e passaram à administração da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Vassouras.

Hoje, os prédios se encontram em estado de abandono. O antigo colégio está fechado e tomado pelo mato; o espaço do ex-Senai está degradado; e o hospital permanece fechado, sem previsão de reabertura. A situação contraria os desejos registrados no testamento da benfeitora.

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“O patrimônio de Eufrásia não está correspondendo ao seu desejo de morte”, lamenta o jurista e historiador José Roberto Tambasco. Já a historiadora Amal Abdulmalek destaca a importância do legado deixado pela investidora: “Ela foi além do papel destinado às mulheres de sua época — foi independente, visionária e deixou um patrimônio valioso para as futuras gerações.”

Com o inquérito, o MPRJ pretende responsabilizar os gestores pelo descaso e avaliar medidas para restaurar os imóveis e assegurar o cumprimento da vontade de Eufrásia. Enquanto isso, moradores e estudiosos reforçam a cobrança por ações concretas que resgatem o legado da mulher que marcou a história de Vassouras.

 

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