Um estudo recente publicado na revista Astronomy & Astrophysics propõe uma nova explicação para a origem da água na Terra. A pesquisa sugere que, em vez de ter chegado principalmente por meio de impactos de asteroides e cometas, a água pode ter sido capturada como vapor durante os primeiros momentos do sistema solar.
A teoria, liderada pelo astrofísico Quentin Kral, descreve como a água teria se formado a partir da sublimação de gelo presente em asteroides do cinturão primordial, que era muito mais denso há cerca de 4,6 bilhões de anos. De acordo com Kral, esse processo pode explicar de forma mais direta a presença de água em planetas rochosos como a Terra, além de Marte e Mercúrio, que também apresentam indícios de água em sua história geológica.
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Com o calor do Sol recém-formado, o gelo nos asteroides teria se transformado em vapor, criando um vasto disco ao redor do sistema solar. Conforme a Terra se resfriava, ela teria capturado parte desse vapor, que posteriormente se condensou, formando os oceanos e outros reservatórios de água no planeta.
Embora inovadora, a hipótese é fundamentada em dados obtidos pelo radiotelescópio ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array). Este equipamento detectou nuvens de vapor de água em discos de poeira e gás ao redor de sistemas estelares jovens, como o HD 69830, fornecendo indícios de processos similares ao descrito pelo estudo.
O modelo teórico desenvolvido por Kral também considera variações na densidade do cinturão de asteroides da época. Cenários com maior concentração de gelo teriam gerado vapor rapidamente, enquanto cinturões mais escassos poderiam liberar vapor gradualmente ao longo do tempo.
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Para testar a validade da teoria, a equipe de Kral está analisando sistemas estelares jovens que ainda possuem discos de vapor. A intenção é observar diretamente os processos que poderiam ser responsáveis pela captura de água em planetas recém-formados.
Se confirmada, a hipótese não apenas oferece uma nova visão sobre a formação dos oceanos da Terra, mas também sugere que o mesmo processo poderia ocorrer em outros sistemas planetários, aumentando as possibilidades de encontrar água em exoplanetas.
