A Espanha enfrenta a pior temporada de incêndios florestais em duas décadas, com mais de 100 mil hectares devastados desde a semana passada. O fogo atingiu áreas próximas ao Caminho de Santiago de Compostela e obrigou autoridades a bloquear trechos da rota de peregrinação mais popular, o Caminho Francês, especialmente na região dos Picos da Europa.
A ministra da Defesa, Margarita Robles, classificou a situação como “sem precedentes nos últimos 20 anos”. O calor extremo tem agravado o cenário: no domingo (17), a cidade de Cádiz registrou 45,8°C, enquanto cerca de um quarto das estações meteorológicas do país marcaram temperaturas acima de 40°C.
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Política e emergência climática
O primeiro-ministro Pedro Sánchez visitou Ourense, na Galícia, uma das áreas mais afetadas, a apenas 100 km de Santiago de Compostela. Ele defendeu a criação de um pacto nacional para enfrentar a mudança climática e reforçou a necessidade de adotar medidas baseadas em evidências científicas. A proposta, no entanto, encontrou resistência do Partido Popular, que acusa o governo de falta de ação e cobra maior mobilização das Forças Armadas.
Tragédia humana e ambiental
Desde o início da onda de incêndios, ao menos quatro pessoas morreram na Espanha, incluindo um bombeiro em serviço, e outras duas vítimas foram registradas em Portugal. Mais de 30 mil moradores tiveram que abandonar suas casas. As autoridades informaram ainda que 27 pessoas foram presas e outras 90 estão sob investigação por suspeita de provocarem as queimadas.
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A dimensão da crise
Segundo o Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (EFFIS), vinculado à União Europeia, mais de 530 mil hectares já foram consumidos pelo fogo em toda a Europa em 2025. Só na última semana, as chamas devastaram 155 mil hectares — número que supera o recorde anterior para o mesmo período e representa cinco vezes a média histórica desde 2006.
Especialistas alertam que a intensificação das ondas de calor, impulsionada pelo aquecimento global, tem tornado o sul da Europa especialmente vulnerável. Para eles, medidas preventivas, como restauração de áreas florestais e úmidas, manejo adequado de espécies e preparo das comunidades, são fundamentais para reduzir os riscos de tragédias semelhantes nos próximos anos.